Os
vereadores do PS têm assumido uma posição responsável no exercício do seu
mandato. São oposição, mas não são do contra. Os eleitores confiaram-nos um
mandato para defendermos os seus interesses, os do concelho, para nos constituirmos
em parte da solução e não do problema. E assim tem sido, apesar das situações
limite em que demos à maioria o benefício da dúvida.
No
entanto, a reciprocidade não tem funcionado. Todas as propostas apresentadas
são imediatamente rejeitadas a não ser que fossem transformadas em sugestões ou
recomendações. A candidatura de Viseu à rede europeia das cidades amigas das
pessoas idosas, o gabinete do agricultor ou a criação, pela autarquia, de um campo de férias para as crianças
de famílias são exemplos concretos.
A
rejeição liminar chega a ser caricata. O gabinete do agricultor, por exemplo,
foi chumbado o ano passado, porque, dizia a maioria, já existia em espaço próprio,
o do gabinete do vereador responsável, imagine-se! Ora, como todos sabemos, e assim
foi publicitado, acabou de ser criado no papel há poucas semanas, pela maioria,
mas sem o envolvimento de todos os agentes. Não existia, nem funcionava,
portanto!
Pelo
contrário, a proliferação de parcerias externas, com dotação financeira
própria, tem merecido o desacordo em casos concretos: desde o Centro Cultural
Distrital, ilegítimo e sem controlo, até à “Viseu Marca”, substituta de Expovis,
o último exemplo, mereceram a nossa reprovação pela falta de regras de controlo
e transparência.
Nenhuma das
recomendações para a competitividade, quer ao nível de solos (“trocar metros
quadrados por empregos”), quer no âmbito de uma fiscalidade ou
desburocratização amigas do investidor foram aceites. Tudo tem falhado, para
gaudio de concelhos vizinhos que assim foram preferidos em detrimento do nosso.
Mangualde e Nelas, só este ano, já contratualizaram investimentos para cerca de
mil postos de trabalho. Ali há “mais emprego e melhor futuro”, conforme era o
nosso slogan de campanha que, por mera coincidência, aparece agora numa
publicidade televisiva.
Entre nós tudo está
na mesma ou quase. A autarquia transformou-se num grande centro de eventos e
até numa enorme IPSS. Sim, os subsídios individuais para medicamentos, próteses
ou óculos, entre outros, são assunto de todas as reuniões. E aqui sim, como
gostaríamos que essas capacidades financeiras fossem transferidas para as
instituições que no terreno têm essa missão solidária!
A publicidade tem
sido usada como substituta da realidade, mas o que verdadeiramente temos é um
executivo novo com vícios antigos. A continuar por este caminho o estado de
graça dissipar-se-á. A isso seremos obrigados por uma câmara
em estado de negação.
Dv, 2014-06-25