sexta-feira, 5 de julho de 2013

António Costa: "O PR tornou-se membro deste governo"


O essencial, o que explica o que aconteceu esta semana, são os números (de tragédia económica, do défice e da dívida), que explicam o que foram estes 2 anos. O resto são histórias de rádio-novela, tão mau que não tem sequer categoria para chegar a telenovela. O governo não tem condições para prosseguir uma política cujos resultados são estes.
O PR tornou-se membro deste governo, não tendo margem para nada, e fará agora o que os acontecimentos determinarem. No final, vai-se fazer uma coisa de conveniência. Ninguém acredita que com Portas no governo este vá funcionar, nem que haverá uma relação de confiança com Passos Coelho. 
O que a carta de Portas revela é o relato do que tem sido o funcionamento do governo nestes 2 anos, com um desprezo absoluto um pelo outro; podem combinar agora o que quiserem, que ninguém acredita. A haver uma crise, mais vale que seja agora do que depois, quando estivermos entregues aos mercados.
Um governo sem Portas é ainda pior, do ponto de vista da qualidade política, mas com Portas não funcionaO país precisa de um governo que tenha como prioridade renegociar este acordo com a troika, que explique que com estes resultados não vamos lá e que consiga um grande acordo de concertação estratégico, que permita o relançamento da economia e a consolidação orçamental. 
Para isto ser conseguido há duas hipóteses: sem eleições, era necessário que o PSD fizesse algo imperioso, mudar de liderança e adoptar um novo programa, que pode até tentar envolver o PS; não o conseguindo, não é possível o país fazê-lo sem legitimação eleitoral. Havia uma terceira hipótese, que era o PR, se tivesse preservado a sua autonomia, autoridade e credibilidade, impor ao PSD, CDS e PS o apoio a um governo de sua iniciativa, no que tem dúvidas que o PR tenha essa capacidade. 
Salienta que se o SG do PS esteve meses sem falar com o PR, como viu no jornal, isto a ser verdade é gravíssimo: o PR não se pode assumir como como presidente de parte do país.

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