A diminuição da TSU (Taxa Social Única) e o aumento do IVA, que o Governo se prepara para anunciar, são duas medidas que vão provocar uma violenta redução do poder de compra das pessoas.
Este imposto silencioso, que o PSD e o CDS consideravam como o mais injusto e irracional, corresponderá a muito mais do que um subsídio de Natal. O relatório que serve de base à decisão do próprio Governo, agora divulgado, alerta para os enormes "custos sociais e ambiente fortemente recessivo".
Continuam os responsáveis a demonstrar total irrealismo no combate à crise que, agora, admitem ser internacional e que nos ultrapassa. Pouco importa o que diz, agora, quem se "juntou" às agências de rating e "aparentemente" se procura divorciar delas. É que, agora, já todos temos a certeza de que há uma profundíssima crise internacional, a maior desde a II Guerra Mundial, conforme confessa Trichet, o Presidente "distraído" do BCE.
Sim, quem nos aumentou as taxas de juro em plena crise, que julgava ser apenas dos mais pequenos, nunca admitiu e atacou as causas do problema, apenas reagiu, tarde e mal, tal como a Comissão Europeia de Durão Barroso, quando os grandes começaram a provar do mesmo "veneno". Têm sido, por isso, incompetentes para enfrentar, no tempo devido, as raízes deste drama europeu e mundial!
Tudo isto vai prejudicar ainda mais o que tenho visto pela nossa cidade. Tenho visitado as diferentes zonas comerciais e vejo, com a preocupação de sempre, que o problema se agravou. São dezenas as lojas que se encontram encerradas, no Ecovil ou Ícaro, por exemplo, transmitindo um total ar de abandono. Menos oportunidades para o comércio, menos postos de trabalho, pior economia local, é o que isto significa.
Alertei, há muitos anos, para a necessidade de um Plano de Urbanização Comercial e, publicamente, tenho chamado a nossa atenção para esse facto. Continua actual o desenvolvimento de uma estratégia que inclua o "repovoamento" estratégico da cidade, do seu centro. Este nunca deveria ter sido abandonado, mas nunca é tarde para tomar em mãos o objectivo de o "reconquistar". E penso que todos seremos capazes se nos unirmos nessa tarefa.
A notícia de que, por exemplo, segundo um jornal, irão abrir dois museus na rua Direita é positiva, mas a solução está na reabilitação e criação de habitações que nos coloquem pessoas em permanência na rua e que formem o que há muito designo como "ritmo urbano". Esta mudança depende de mais de nós, muito mais do que deste ou qualquer outro Governo. É uma desafio muito próprio, um desafio de administração local.
E tem de haver esperança em que isso aconteça. A cidade é bonita, atractiva, tem belíssimos equipamentos, é arejada e agradável para nós e qualquer visitante. Não tem para já, que "crescer mais", mas tem que se "desenvolver melhor".
Isto significa qualificação, diversidade das suas fontes de autosustentabilidade, de modo a construir uma estratégia fiscal inteligente, menos agressiva e mais distributiva. E esse objectivo está ao nosso alcance, ganhando, por exemplo, a centralidade de grandes eventos ou fomentando condições para a existência de perímetros económicos novos, e "acarinhando" o tecido empresarial que já representa valor acrescentado.
Portanto, mais prestígio das nossas realizações, mais ambição para novas centralidades, valorização das pessoas e das nossas instituições de ensino e de ciência, mais oportunidades de trabalho com melhor economia local, são, entre muitos, desafios que revitalizarão as nossas vidas e nos ajudarão a transformar as actuais dificuldades numa nova oportunidade.
(in DV 2011.08.10)
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