sábado, 21 de março de 2015

(Opinião) "A fragilidade europeia"

Jean-Claude Juncker
O número de desempregados na Europa é superior a 22 milhões, sendo que a maior parte respeita aos países da zona Euro e atinge particularmente os jovens. A UE que, até há poucos anos, era assumida como um espaço de oportunidade tem vindo a gerar um sentimento coletivo de desconfiança e a transformar-se numa ideia que suscita constrangimento.
Quem ainda quer acreditar que o futuro é possível (e poderá ser melhor), quem quer renovar a esperança e encontrar soluções, constata que as lideranças são frouxas, as respostas fracas e inadequadas.
A austeridade generalizada foi eleita dogmaticamente como estratégia única, mas hoje é o próprio o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, imagine-se, a realizar uma autocrítica, zurzindo mesmo a atuação da “troika” e confessando que dela resultou falta de respeito para países e povos como o nosso.
Acresce ainda, na atual conjuntura, a incapacidade para tomar decisões competentes que permitam prevenir problemas delicados. A Ucrânia é um bom exemplo de como a inação dos líderes europeus, associada a uma visão estratégica deficiente, permitiu à Rússia continuar a materializar o seu movimento expansionista. E a guerra está, assim, às portas da Europa!
António Guterres, em entrevista a Teresa de Sousa, ao ser questionado sobre a incerteza atual respondeu: “A Europa, em termos relativos, vai viver uma progressiva perda de influência à escala mundial. Pode fazê-lo de forma desordenada e com um preço muitíssimo mais elevado para os europeus, ou pode fazê-lo assumindo colectivamente os seus valores e assumindo uma estratégia comum para aproveitar ao máximo o que é ainda hoje um extraordinário património europeu”.
A perda de influência está a acontecer pelo que se exige, mais cedo do que tarde, que os líderes europeus tenham o sobressalto político que reconduza a Europa aos seus valores matriciais.

Jornal do Centro 2015-03.16

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