sexta-feira, 6 de março de 2015

Opinião - Democratização das CCDR´s, Unidade de Missão e Estabilização do Território

Depois do encontro nacional de autarcas em Santarém, no passado dia 28, foram divulgadas 55 propostas inseridas na primeira parte do programa de governo do PS.
Foi este o timing escolhido por António Costa que, assim, demonstrou a terceiros que apenas ao secretário-geral e ao PS pertence a responsabilidade da liderança de uma agenda política própria. Dos temas abordados escolhi três pela sua oportunidade para uma região como a nossa.
O primeiro respeita a maior democratização nas CCDR’S cujas direções executivas passarão a ser eleitas pelos autarcas da respetiva “Região”. O poder local ganhará uma maior capacidade de planeamento supramunicipal, um debate mais objetivo sobre as prioridades para um território mais vasto, uma melhor gestão dos fundos comunitários e uma resposta mais eficiente às necessidades coletivas das populações.
O segundo é atinente à criação de uma Unidade de Missão, coordenada pelo próprio primeiro-ministro, que terá como objetivo elencar todas as oportunidades para a promoção e desenvolvimento do interior, relevar o aproveitamento dos seus recursos endógenos, sublinhar a importância na formação, no investimento, inovação e tecnologia, bem como na opção de novas políticas transfronteiriças e a materialização de novas centralidades.
O terceiro é dirigido à Estabilização do Território. Ninguém deveria chegar a um governo, qualquer que ele fosse, e atuar como se antes nada existisse. É o conceito ultrapassado de um certo “despotismo esclarecido” de que este governo não se reclama, mas pratica. A reforma Relvas é o melhor exemplo disso mesmo.
Não é desfazer tudo o que está feito, mas criar uma oportunidade às autarquias para avaliarem e corrigirem as consequências de um “livro verde” feito a régua e esquadro, sem respeito pela capacidade de avaliação e decisão das populações, nomeadamente, daqueles que por elas foram legitimamente eleitos para as representarem. A estabilidade dos territórios é um requisito fundamental ao seu desenvolvimento.
Todos falam em mudança, mas, de facto, são poucos os que querem mudar, transferir com realismo poderes da administração central para a local, com a consequente redistribuição da receita dos impostos devidos ao Estado.
Ficam, pois, para discussão estas propostas de Democratização das CCDR´S, Unidade de Missão e Estabilização do Território.

DV 2015.03.04

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