O estado da Saúde e do Governo foram o centro da minha intervenção, em nome do PS. Contrariamente ao BE, o PCP deu folga à maioria de direita e fez um ataque radical ao PS. Quem estivesse distraído até julgaria que este governo seria do PS. João Semedo do BE não se enganou no adversário. Deixou o PCP e toda a direita em núpcias antigas. As respostas do PS não se fizeram esperar e não ficaram pelas meias palavras.
Lusa - "PS considera Paulo Macedo "inadaptado" ao lugar de ministro da Saúde.
O PS considerou hoje que
Paulo Macedo se tem revelado "inadaptado" às funções de ministro da
Saúde, críticas que levaram PSD e CDS a invocar a herança de
"dívidas" deixada pelo executivo socialista no setor da saúde.
"De
facto, lidar com números é bem diferente de lidar com as pessoas, e aqui se
aplica novamente o princípio de Peter: Paulo Macedo foi um bom diretor geral da
Autoridade Tributária, mas um ministro da Saúde sempre inadaptado",
declarou o vice-presidente da bancada socialista José Junqueiro, em plenário,
na Assembleia da República.
Numa
intervenção que aconteceu um dia depois do fim da greve convocada pelo
sindicato médico FNAM (Federação Nacional de Médicos), José Junqueiro acusou o
atual Governo de estar a destruir o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Não
se estranha, pois, que, perante este desnorte, os profissionais de saúde tenham
feito uma greve, não para reivindicar salários ou progressão nas carreiras, mas
para dar voz a quem não a tem", sustentou o dirigente da bancada
socialista.
No
seu discurso, no período de declarações políticas do plenário parlamentar, o
ex-secretário de Estado socialista criticou o executivo PSD/CDS por
"promover a transferência do SNS para privados" e por alegadamente
estar em silêncio sobre casos mortais ocorridos na sequência de eventuais
falhas no INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica).
"O
curioso é que ninguém é responsabilizado. O ministro [Paulo Macedo], para
sossegar o desconforto político, manda levantar inquéritos ou fazer inspeções,
mas, até hoje, não foi dado à estampa um único resultado, mesmo depois de
solicitados pelo PS na Assembleia da República", apontou José Junqueiro.
Na
resposta, a deputada social-democrata Carla Rodrigues acusou o PS de se
encontrar "em estado de negação" em relação ao seu passado recente,
vincando que o atual Governo herdou dívidas na ordem dos três mil milhões de
euros no setor da saúde. "O
PS esqueceu-se hoje aqui de dizer que a greve dos médicos só existiu porque um
sindicato afeto à CGTP-IN rompeu um acordo celebrado com o Ministério da
Saúde", referiu Carla Rodrigues.
Mais
controversa foi a intervenção do deputado do CDS-PP Paulo Almeida, que também
abordou a questão das dívidas herdadas pelo atual executivo no setor da saúde,
mas que comparou o PS a "um avião malaio" - uma referência que
motivou protestos, já que parte dos deputados das bancadas da esquerda
interpretou-a como uma alusão ao recente desastre aéreo ocorrido na Asia e às
posteriores buscas mal sucedidas para encontrar o avião no Oceano Índico.
Já
o coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo negou a tese de que este Governo
tenha conseguido recuperar dívidas no setor da saúde, dizendo que, a curto ou
médio prazo, "quando se abrirem as gavetas fechadas das administrações
hospitalares, novas dívidas acumuladas serão descobertas". João
Semedo tirou depois a conclusão de que "fracassou a política e a
propaganda do Governo em relação à saúde". "Tudo
se resumiu a cortes orçamentais", sustentou, já depois de a deputada do
PCP Carla Cruz ter colocado o PS ao lado do PSD e CDS na política de saúde. "O
PS, conjuntamente com o PSD e o CDS, subscreveu o pacto de agressão, opôs-se à
revogação das taxas moderadoras e ao fim das parcerias público-privadas na
saúde", apontou Carla Cruz."
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