terça-feira, 13 de maio de 2014

Viseu - Basílio Horta - "PS não pode ter uma vitória qualquer, tem de ser um basta""

(Lusa) - O presidente da Câmara de Sintra defendeu hoje que o PS não pode ter uma vitória qualquer nas europeias, porque esse triunfo tem de significar o primeiro dia da vitória de 2015 e um "basta" deste Governo.
Basílio Horta falava no comício da campanha europeia do PS em Viseu, num discurso em que criticou a política de privatizações do Governo e condenou as consequências políticas resultantes da linha da chanceler germânica, Angela Merkel.
"Temos de lutar em nome de todos aqueles que querem um Portugal mais justo, com equidade, com decência, onde as pessoas tenham paz de consciência (mesmo os ricos). O dia 25 de maio é o primeiro dia da vitória de 2015 [legislativas] e não pode ser uma vitória qualquer, tem de ser uma vitória onde o povo português diga chega, basta", declarou Basílio Horta a terminar o seu discurso, perante uma prolongada salva de palmas.
Falando antes do cabeça de lista socialista, Francisco Assis, e antes dos dirigentes do PS José Junqueiro e João Azevedo, o ex-presidente da AICEP (Agência de Investimento para o Comércio Externo de Portugal) atacou duramente a política de privatizações do atual Governo e a "debilidade" do poder do Estado na economia portuguesa.
"Qual é a empresa nacional grande que hoje temos em Portugal? O que é feito da PT integrada na Oi, o que é feito da EDP comprada pelos chineses, o que é feito da Cimpor comprada pelos brasileiros? E não falei da REN ou da Galp, mas podemos multiplicar os exemplos. Onde está hoje a bandeira nacional a flutuar nas fábricas?", questionou o antigo deputado do CDS e do PS.
Neste contexto, Basílio Horta deixou uma nova série de perguntas sobre as consequências sociais da política do Governo: "Que papel pode ter hoje o Estado na economia, quando privatizou cegamente os seus maiores ativos estratégicos? Será este o Estado que os portugueses querem?", interrogou-se, antes de manifestar a convicção de que os portugueses "querem um Estado que se paute por princípios de humanidade e de justiça".
Na perspetiva do presidente da Câmara de Sintra, os portugueses rejeitam "uma sociedade em que os pobres são cada vez mais pobres e os ricos são cada vez mais ricos". "Cortam-se pensões de mil euros a reformados - e as empresas que pagam impostos na Holanda ou nas Bahamas, e aqueles que têm milhões de lucro, que sacrifícios são-lhes pedidos? Vivem com a consciência tranquila? Podemos dizer que há paz em Portugal? A paz não é só a ausência de conflitos na rua, é sobretudo a paz nas consciências", rematou, num discurso com uma forte carga democrata-cristã.
Basílio Horta considerou depois uma "mistificação" dizer-se que Portugal teve uma saída limpa do programa de ajustamento, deixando neste ponto, novamente, um conjunto de questões.
"Mas estamos a sair do programa à custa de quem e estamos a sair para onde? Estamos a sair para o desenvolvimento ou para a continuação da pobreza e para a continuação do aumento dos impostos? Se o Tribunal Constitucional exercer a sua função, nós é que vamos pagar com mais impostos?", perguntou, usando um tom de discurso inflamado.
Antes, José Junqueiro tinha criticado indiretamente Cavaco Silva quando fez o elogio de Basílio Horta, que não foi recentemente condecorado pelo atual chefe de Estado, ao contrário do que aconteceu com o seu sucessor na AICEP Pedro Reis.
"Não sendo eu Presidente da República, quero agradecer-lhe por tudo aquilo que fez pelo país", declarou o vice-presidente da bancada socialista, dirigindo-se a Basílio Horta.


PMF // SMA

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