(Lusa) - O presidente da Câmara de Sintra
defendeu hoje que o PS não pode ter uma vitória qualquer nas europeias, porque
esse triunfo tem de significar o primeiro dia da vitória de 2015 e um
"basta" deste Governo.
Basílio Horta falava no comício da campanha europeia do PS
em Viseu, num discurso em que criticou a política de privatizações do Governo e
condenou as consequências políticas resultantes da linha da chanceler
germânica, Angela Merkel.
"Temos de lutar em nome de todos aqueles que querem um
Portugal mais justo, com equidade, com decência, onde as pessoas tenham paz de
consciência (mesmo os ricos). O dia 25 de maio é o primeiro dia da vitória de
2015 [legislativas] e não pode ser uma vitória qualquer, tem de ser uma vitória
onde o povo português diga chega, basta", declarou Basílio Horta a
terminar o seu discurso, perante uma prolongada salva de palmas.
Falando antes do cabeça de lista socialista, Francisco
Assis, e antes dos dirigentes do PS José Junqueiro e João Azevedo, o
ex-presidente da AICEP (Agência de Investimento para o Comércio Externo de
Portugal) atacou duramente a política de privatizações do atual Governo e a
"debilidade" do poder do Estado na economia portuguesa.
"Qual é a empresa nacional grande que hoje temos em
Portugal? O que é feito da PT integrada na Oi, o que é feito da EDP comprada
pelos chineses, o que é feito da Cimpor comprada pelos brasileiros? E não falei
da REN ou da Galp, mas podemos multiplicar os exemplos. Onde está hoje a
bandeira nacional a flutuar nas fábricas?", questionou o antigo deputado
do CDS e do PS.
Neste contexto, Basílio Horta deixou uma nova série de
perguntas sobre as consequências sociais da política do Governo: "Que
papel pode ter hoje o Estado na economia, quando privatizou cegamente os seus
maiores ativos estratégicos? Será este o Estado que os portugueses
querem?", interrogou-se, antes de manifestar a convicção de que os
portugueses "querem um Estado que se paute por princípios de humanidade e de
justiça".
Na perspetiva do presidente da Câmara de Sintra, os
portugueses rejeitam "uma sociedade em que os pobres são cada vez mais
pobres e os ricos são cada vez mais ricos". "Cortam-se pensões de mil
euros a reformados - e as empresas que pagam impostos na Holanda ou nas
Bahamas, e aqueles que têm milhões de lucro, que sacrifícios são-lhes pedidos?
Vivem com a consciência tranquila? Podemos dizer que há paz em Portugal? A paz
não é só a ausência de conflitos na rua, é sobretudo a paz nas consciências",
rematou, num discurso com uma forte carga democrata-cristã.
Basílio Horta considerou depois uma
"mistificação" dizer-se que Portugal teve uma saída limpa do programa
de ajustamento, deixando neste ponto, novamente, um conjunto de questões.
"Mas estamos a sair do programa à custa de quem e
estamos a sair para onde? Estamos a sair para o desenvolvimento ou para a
continuação da pobreza e para a continuação do aumento dos impostos? Se o
Tribunal Constitucional exercer a sua função, nós é que vamos pagar com mais
impostos?", perguntou, usando um tom de discurso inflamado.
Antes, José Junqueiro tinha criticado indiretamente Cavaco
Silva quando fez o elogio de Basílio Horta, que não foi recentemente
condecorado pelo atual chefe de Estado, ao contrário do que aconteceu com o seu
sucessor na AICEP Pedro Reis.
"Não sendo eu Presidente da República, quero
agradecer-lhe por tudo aquilo que fez pelo país", declarou o
vice-presidente da bancada socialista, dirigindo-se a Basílio Horta.
PMF // SMA
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