Referiu-se
Álvaro Beleza, secretário nacional do PS
para a Saúde, à portaria que vem categorizar os hospitais do SNS em grupos de I
a IV, hierarquizando as unidades de acordo com a natureza das suas responsabilidades
e as suas valências dizendo: "O Governo não é o dono do país, é o representante do povo para
governar o SNS, que é de todos nós. O Governo tem obrigação de, quando faz
estas reformas, ouvir as associações profissionais, os utentes e o poder local".
É, de
facto, um programa de extinção,
reconcentração de equipamentos de saúde e valências, tal como aconteceu com os
tribunais e como se verificará com 150 repartições de finanças. Nenhuma destas
medidas representa qualquer tipo de economia real para o Estado, como já se
demonstrou. Pelo contrário, abandonar equipamentos recentes, com recursos
tecnológicos avançados ou desmontar centros de excelência é, no mínimo, uma
irresponsabilidade pública e social.
Sem ouvir ninguém, mais uma vez, o governo, leia-se Paulo Macedo, mandou
um secretário de estado assinar uma portaria para a reforma hospitalar que tem
implicações em todo o país e Viseu não passa ao lado. Com efeito, se esta
decisão do governo for por diante a cirurgia pediátrica do S. Teotónio pode ter
os dias contados. Já não nos bastava o “faço não faço” do Centro Oncológico,
acresce agora mais esta preocupação.
E o que fizeram os deputados socialistas? Enviaram à Presidente
da Assembleia, no espaço de uma semana, dois requerimentos a exigir a presença
e explicação do ministro sobre dois temas concretos: “urgência e emergência na
saúde” e “reforma hospitalar”.
E o que fizeram os deputados do PSD e do CDS? Chumbaram, nesta quarta-feira, na Assembleia da República, a vinda do
ministro e são por isso cúmplices do silêncio perante o país e da
desvalorização do Serviço Nacional de Saúde, também no nosso território.
Tudo isto é muito mais grave do que parece. O ministro da Saúde cortou quase o dobro do estipulado no compromisso
assumido no Plano de Assistência Financeira. Quis ir, ele também, para além da
“Troica”.
Como consequência, como é público, por falta de recursos financeiros
e humanos, as dificuldades no INEM, as VMERS, este ano já ocasionaram várias mortes,
sendo que as últimas, duas concretamente, aconteceram este mês, em Évora.
Ora, o desmantelamento de serviços de saúde, com profissionais dedicados, que funcionam bem, cientificamente bem-sucedidos, representam o delapidar
de um património de notável experiência humana. Complementarmente, afasta as pessoas do SNS. Para além dos doentes
oncológicos, dos que necessitam de fisioterapia na região, só nos faltava agora
que fosse para Coimbra o serviço de referência de cirurgia pediátrica que
existe em Viseu.
DV 2014-04-16
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