sexta-feira, 11 de abril de 2014

(Opinião) A câmara deve cumprir (as promessas) com o Académico

Os clubes e associações desempenham no nosso concelho um papel inestimável na formação dos jovens. Substituem-se ao Estado e, no meu entender, bem. Numa qualquer sociedade bem-sucedida o pouco que todos possam fazer em prol do outro transforma-se num valor fundamental de cidadania.
Os dirigentes destas entidades são pessoas que, voluntariamente, oferecem muito do seu tempo para manter vivas todas estas instituições. Por isso, o financiamento da autarquia às suas atividades é, no meu entender, um investimento e não uma despesa. E a comunidade deve conhecer as verbas aplicadas, não só porque resultam dos seus impostos, mas porque é importante perceber que há critérios e, portanto, equidade e justificação.
Vem isto a propósito da gestão de expetativas, da previsibilidade e da independência política que o movimento associativo e os clubes devem ter. As campanhas eleitorais não podem ser um momento de compra de votos a troco de “dinheiro na hora” ou de cheques distribuídos à porta das igrejas. Fiz em devido tempo, no programa que apresentei para a autarquia, propostas para que essa relação funcionasse sem constrangimentos. Não foram sufragadas, infelizmente.
Não esquecendo ninguém, o caso concreto a que me quero reportar, hoje, é o do Académico. O Executivo anterior fez um financiamento significativo, em dinheiro vivo, que prometeu repetir, acrescido de mais 50 mil euros se o clube subisse de divisão. O êxito desportivo aconteceu, mas os compromissos não foram validados pelo novo Executivo.
O clube fez a previsão da sua época com base nas receitas estimadas de publicidade, direitos de transmissão dos jogos, quotização e verbas da câmara municipal, sendo que, neste caso, a garantia estava assente no valor da palavra dada. Pois, ao que parece, a palavra perdeu valor na instituição que, a ser assim, não poderá ser considerada como pessoa de bem.
Para alguns, o Académico serve para partilhar alegrias, mas, regra geral, fica mais só quando a “fortuna” não sorri. E também serve terceiros nas campanhas eleitorais pelos quais, depois de ganho o poder, é esquecido.
Deixo, assim, um apelo ao bom senso, ao equilíbrio e ao respeito pelos compromissos assumidos. O Académico não é só o futebol que uma maioria aprecia. Tem outras atividades, amadoras, formativas, que envolvem centenas de jovens e respetivas famílias. Independentemente do autor da palavra dada, a autarquia deve ser uma pessoa de bem e, por isso, a câmara deve cumprir com o Académico.

DV 2014-04-09

Sem comentários:

Enviar um comentário