domingo, 9 de março de 2014

(Opinião) Saúde - a degradação do SNS, do governo e do ministro

A taxa de diabetes em grávidas quase duplica em cinco anos. Esta é, hoje, mais uma notícia sobre a degradação no SNS. A outra, a de turbo-médicos que trabalham no mesmo horário em vários hospitais - em todo o lado e em lado nenhum - demonstra que no fim de três anos a separação de águas entre público e privado continua por fazer. ministro da Saúde bem pode disparar estatísticas em rajada e agitar folhas de cálculo. O que a realidade nos oferece é isto e nada mais.
No início do ano, o país teve conhecimento do caso de uma doente oncológica que aguardou dois anos para realizar uma colonoscopia. Em fevereiro, um jovem acidentado de Chaves, com neurotrauma, teve de percorrer 400 quilómetros para receber os cuidados especiais que necessitava. Ainda no mesmo mês, um outro doente, nas Caldas da Rainha, com necessidade de cuidados intensivos, volta a ser recusado, pelo menos por quatro unidades hospitalares e veio a falecer no Hospital de Abrantes. 
Os casos e os factos são muitos. As dívidas na saúde não são pagas. Pelo contrário aumentam e os casos já estão devidamente identificados. E não há melhor saúde por causa disso. Pelo contrário, a saúde está pior. O caso da doente oncológica em protesto junto ao hospital de Faro, por lhe ter sido dito que o medicamento de que necessitava se encontrava esgotado na farmácia hospitalar ou ainda a divulgação da "descomparticipação" da vacina contra o cancro do colo do útero são exemplos que ilustram o desnorte na saúde em Portugal.
O excesso de episódios de urgências hospitalares demonstra que os cuidados primários deixaram de funcionar, isto é, a prevenção foi desvalorizada. O número de portugueses sem médico de família, mais de um milhão,  é ainda  elevadíssimo. O governo falhou e fez o país andar para trás. O ministro falou muito, mas acertou pouco.

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