quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

António Seguro no American Club: "Pode haver uma Europa sem Federalismo?."


António José Seguro defendeu esta quarta-feira uma maior solidariedade entre os Estados-membros da União Europeia e um papel mais interventivo das estruturas europeias.
Durante a conferência organizada pela Associação de Amizade Portugal/EUA em conjunto com o American Club of Lisbon e a Câmara de Comércio Americana em Portugal, o Secretário-Geral do PS sustentou que a UE deve “regressar ao tempo da ousadia europeia”.
“A Europa tem sido construída por pequenos passos, na base da intergovernamentalidade entre estados”, afirmou, salientando que “esse tempo acabou, temos de voltar à ousadia europeia”. "A democracia são escolhas, escolhas feitas por cidadãos. Temos de saber quem decide, quem governa e quem presta contas pelas decisões tomadas na União Europeia", acentuou.
Numa intervenção subordinada ao tema “Pode haver Europa sem federalismo?”, centrada nas questões financeiras, económicas e políticas das União Europeia, o Secretário-geral do Partido Socialista defendeu a importância da existência de uma Europa com princípios de inspiração federal, voltou a rejeitar soluções de "haircut" (perdão de dívida) para resolver problemas de Estados-membros confrontados com a crise de dívidas soberanas e defendeu a criação de um mecanismo de mutualização para a componente da dívida de cada país superior a 60 por cento. 
A União Europeia, ao colocar dívida nos mercados, encontraria taxas de financiamento dessa dívida muito baixas. Isso significaria que Portugal pagaria menos juros por essa mesma dívida, o que significaria que o défice reduzia e, por consequência, a dívida também”, explicou.
António José Seguro defendeu ainda para a possibilidade de o Banco Central Europeu poder emprestar dinheiro diretamente aos estados-membros e fazer uma “gestão europeia da dívida pública”.

(TVI) "O secretário-geral do PS afirmou esta terça-feira que, entre si e o primeiro-ministro, há três diferenças de fundo ao nível das concepções económicas, considerando que Passos Coelho não tem qualquer visão política de longo prazo sobre o país, noticia a Lusa. 
António José Seguro falava no final de um almoço do American Club, numa intervenção em que procurou marcar as diferenças em termos de ideário político, económico e social entre os actuais PSD e PS.
Para o secretário-geral do PS, o primeiro-ministro acredita que «por automatismo», depois de uma trajectória de pura consolidação orçamental, baseada em medidas de austeridade, se resolve o problema do crescimento económico.
«Mas é um erro», contrapôs Seguro, antes de defender como soluções, além da vertente da consolidação orçamental, a existência de medidas de apoio ao sector exportador, às pequenas e médias empresas e à indústria que produz bens transaccionáveis.
Neste contexto, o líder dos socialistas insistiu na necessidade de Portugal abrir uma linha de crédito junto do Bando Europeu de Investimentos (BEI), na ordem dos cinco mil milhões de euros, tendo como garantia os fundos comunitários que o país receberá nos próximos anos.
«Pode um país deixar morrer empresas competitivas só por não terem acesso ao crédito? Tudo o que possa ser feito para injectar liquidez na nossa economia é decisivo», advogou.
Como segunda diferença entre ele e o primeiro-ministro, Seguro disse estar convencido que Passos Coelho «olha para o Orçamento como um fim em si mesmo». «Eu olho para o Orçamento como um instrumento, como um meio para atingir um fim», disse.
«Depois - e aqui é a terceira distinção face ao primeiro-ministro - considero que o Orçamento não deve ser a única nossa preocupação, porque que se exige aos líderes deste país visão e horizonte, que consigam perspectivar o que se quer de Portugal a 15, 20 ou 25 anos. Todos os instrumentos devem estar orientados para servir esse objectivo, mobilizando as capacidades, as energias e os sacrifícios dos portugueses na mesma direcção», sustentou.
A seguir, ainda sobre este ponto específico, Seguro deixou à plateia uma questão: «É isso que está a acontecer em Portugal, um país que se confronta com tanta insegurança, com tanto receio, com pessoas que fazem contas à vida e têm medo?».

Na perspectiva do secretário-geral do PS, em contrapartida, deveria haver «uma concertação social para as próximas décadas, capaz de mobilizar os principais actores sociais e não apenas a pensar em pequenas mudanças de lei«.«Só uma estratégia pode dar sentido aos sacrifícios que se pedem», acrescentou."

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