Esta semana, na declaração
política que fiz na AR, a propósito das jornadas parlamentares do PS em Viseu, relevei o
enquadramento que a comunicação social teve em duas situações distintas que a citação
ilustra:
"A comunicação social pôde acompanhar as jornadas, todas as intervenções e sobre elas deram opinião, como muito bem entenderam e sem ter de pedir
licença a ninguém; exatamente ao contrário
do governo que, reunindo com alguns convidados amigos, fingindo uma sociedade
civil virtual, fingindo discutir o que já tinham decidido em segredo com os funcionários
da "Troica": cortar 4 mil milhões no Estado Social. Convidaram os jornalistas,
mas na condição de não fazerem jornalismo. Assistir SIM, mas notícias
NÃO. Só depois do "lápis
azul". Será que Paulo Rangel já
saberá disto, desta claustrofobia democrática?"
A ironia, assente na
realidade dos factos, é um alerta para o caminho
que, paulatinamente, o governo tenta traçar para a comunicação
social não a deixando fazer opinião,
mas obrigando-a a limitar essa opinião ou a escolher a do
governo. É uma estratégia
condenada ao insucesso.
Perante a vertigem recessiva
e os alertas de Bagão Felix ou do Presidente da
República
no sentido de sublinharem a necessidade de uma "agenda para o crescimento
e o emprego, tal como o PS tem dito, "ab initio", o governo insiste em não ver, não tem a grandeza para admitir a possibilidade de incluir os
contributos de terceiros que dão vantagem ao país.
Como se disfarça
isto? Com a ida aos mercados? Com a encenação do "auto da
farsa", a tal comissão Marques Mendes? Com reuniões
de uma "sociedade civil" escolhida a dedo? Nada disto se pode nem
deve disfarçar. Nada disto responde à
revisão em alta, pelo Banco de
Portugal, da contração na economia e do aumento
do desemprego. Estamos em condições de aceitar mais 90 mil
desempregados em 2013? Resolvemos despedindo 120 mil funcionários
públicos
e, destes, 50 mil professores? Não, não
resolvemos.
A resposta está
na mudança de atitude que ponha fim à
falta de humildade e grandeza exigida ao governo.
DB 2013.01.17
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