Síntese - ÊXITO DIPLOMÁTICO - Miterrand e Sarkozy recebiam dirigentes da oposição em privado, mas Hollande quebrou a regra e proporcionou a António Seguro o que é próprio de um chefe de Estado. Disse o correspondente Daniel Ribeiro António que "José Seguro, hoje, ao Eliseu, ficará para os anais do changement ("mudança", lema da recente campanha eleitoral do atual Presidente francês, François Hollande). Não é tradição, em França, que um chefe de Estado receba líderes da oposição europeia à vista de toda a gente.
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O anterior Presidente francês, Nicolas Sarkozy, nunca acolheu no Eliseu,
que se saiba, chefes da oposição portuguesa ou de outro país europeu. No que
respeita a políticos portugueses, recebia apenas, sempre com grande prazer,
José Sócrates, então primeiro-ministro, que era seu amigo, apesar de ser
socialista.
A visita de António José Seguro, hoje, ao Eliseu, ficará para os anais
do changement ("mudança", lema da recente campanha
eleitoral do atual Presidente francês, François Hollande).
Não é tradição, em
França, que um chefe de Estado receba líderes da oposição europeia à vista de
toda a gente. No passado, François Mitterrand recebia o seu amigo Mário Soares
em privado, mas sublinhava, com ênfase, a amizade entre ambos - convidava-o
para jantares íntimos, com as respetivas mulheres, em sua casa, na rua de
Bièvre, em Paris.
No entanto, hoje, o chefe do PS português foi recebido no palácio
presidencial francês como apenas o foram, até agora, líderes da oposição de
países como a Síria ou a Líbia.
Acolhimento VIP
António José Seguro até teve direito a falar à imprensa no pátio do Eliseu
com a aparelhagem de som ligada, o que habitualmente apenas é reservado a
alguns 'eleitos'!
Esta manhã, fora recebido, antes dele, Dalil Boubakeur, líder da comunidade
muçulmana de França, mas este partiu sem falar a ninguém, apesar dos graves
problemas da França com o terrorismo islâmico. Boubakeur saiu do palácio
presidencial francês minutos antes de António José Seguro chegar, o mais longe
possível dos microfones e dos fotógrafos.
Seguro não: chegou nas calmas, sorriu para as objetivas e, no fim da
reunião, falou sem pressas, sublinhando a "unidade" de pontos de
vista entre ele e François Hollande para combater a crise na União Europeia.
Mais do que isso, no pátio do Eliseu falou mal do primeiro-ministro Passos
Coelho: "Eu luto para Portugal ter mais tempo para aplicar o programa de
estabilidade, para pagar menos juros, foi isso que vim aqui dizer ao Presidente
Hollande, e Passos Coelho não faz nada, deveria estar nesta luta comigo em vez
de estar a levar Portugal para uma situação dramática de implosão social, eu
luto, ele não faz nada", disse, em resumo.
O dirigente socialista português acrescentou ter alertado François Hollande
para a gravidade da situação portuguesa e para a necessidade de mudanças na
forma como a União Europeia trata os países em crise.
Lusodescendentes em todo o lado
Nesta receção a António José Seguro, só faltou o tapete vermelho no pátio
do Eliseu. Mas Hollande, que não podia fazer mais neste tipo de acolhimento,
ainda fez um gesto simpático suplementar para o líder socialista português.
Quem o recebeu, ao meio-dia, à chegada ao palácio, foi um luso-francês -
Philippe L'Église-Costa, conselheiro para os assuntos europeus de François
Hollande. O jovem e conceituado Philippe é filho de um grande defensor da
cultura portuguesa em França: o seu pai é Pierre L'Église-Costa, escritor e
professor no Instituto de Ciências Políticas, onde é estudante o antecessor de
António José Seguro na liderança do PS...
O mundo é pequeno e os lusodescendentes estão, em França, por todo o lado!
Um dia destes, dizia alguém esta manhã no Eliseu, ainda vamos ouvir Seguro
dizer "mon ami Hollande"!
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