sexta-feira, 20 de julho de 2012

SOL: PASSOS COELHO, TEMPO DE GOVERNAR E NÃO DE SE DESCULPAR (a minha opinião)

A direita, historicamente, mantem um estereótipo e é em si mesma uma crise permanente de valores. Desconsidera os trabalhadores, entende que a competitividade está nos salários baixos com direitos mínimos, e mistura solidariedade com caridade.
Enfatiza uma economia de um mercado que se auto regule sem nenhuma intervenção do Estado, defende mesmo que este esteja ausente e só o procura quando entra em crise, quando se lhe acaba o dinheiro, o valor fundamental. Hoje, tal como a de antigamente, é a que mais canta a “portuguesa” só que, desta vez, a música e a letra resumem-se a um emblema de lapela aparentando um significado que não sente.
Cultiva o conformismo, elogia a resignação, estigmatiza as minorias, reserva à mulher um estatuto preconceituoso e nem na conceção lhe reconhece decisão e direitos próprios como se percebeu no debate anacrónico, recentemente, na Assembleia.
Conduz o país numa ideologia única, uma “religiosidade” oficial e até um padrão para os “bons costumes”, construindo privilégios para uma casta mínima, “dona” dos negócios e apagando a lanterna de Diógenes – talvez tudo isto tenha inspirado o bispo das forças armadas, D. Januário Torgal Ferreira, na sua declaração.
Regra geral fala-nos do passado, da história, mas impede que vejamos o futuro. Este, para milhões, foi encontrado na emigração. Hoje a direita volta a apontar-nos o mesmo caminho.
Em meados do século XX o “orgulho” fugaz do excedente comercial baseava-se no volfrâmio, num povo sem liberdade, sem acesso à educação ou saúde, sem trabalho, pobre e com fome – Carlos Abreu Amorim, no Vice-Versa, “explica” que, ao tempo, a europa estava em guerra e que Portugal até se poderia considerar um país rico. Não se riam!
Hoje, perante a perspetiva de um hipotético excedente comercial, a situação é em tudo semelhante, embora noutro contexto, sem volfrâmio, sem guerra, com portugueses e jovens mais qualificados, mas com desemprego, pobreza e o “brilho” das cantinas sociais.
A democracia não mudou a direita. O escrutínio popular, livre, altera-lhe a estratégia, aveluda o discurso, mas mantém-lhe os tiques e os hábitos, sobretudo o sentido de impunidade. Os “casos Relvas” falam por si. Quem não fala é Cavaco Silva.
Um ano após o seu regresso ao poder, com Passos Coelho, em maioria absoluta, depois de o ter perdido em 1995 e 2005 - em virtude das crises internas a que conduzira o país - apenas fala do passado quando nos tinha prometido o futuro.
Passos Coelho, qual Aquiles, está condicionado por Vítor Gaspar, pelos maus resultados da sua governação, por um verdadeiro parceiro de coligação e o maior dos perigos, a flecha envenenada que o atingiu no calcanhar, lançada pelo seu número dois.
Vai revelar-nos outro caminho como lhe indicou António Seguro? Não. Perdeu a capacidade de ouvir. Continuará no “limbo” das boas avaliações da Troika, mas aos seus membros “a alma dos justos” é coisa estranha. Tem, portanto, de se cuidar. É tempo de governar e não de se desculpar.

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