sábado, 9 de julho de 2011

OS DIVIDENDOS FICAM DE FORA!

Os próximos tempos serão muito difíceis para os portugueses. Não é uma novidade para quem sempre esteve atento, acompanhou e participou na vida política com intensidade. Desejo, por isso, que este Governo tenha êxito.
A Alemanha é um país de sucesso e nem por isso a Senhora Merckel deixa de ter uma fortíssima probabilidade de perder as próximas eleições. Quero com isto dizer que desejar que corra mal não é responsável nem patriótico. Quer isto dizer que cada povo, apesar do êxito, escolhe os momentos de mudança.

O futuro dos países é colectivo e cada vez mais dependente do seu enquadramento geopolítico. Estamos na periferia da Europa, mas somos o ponto de chegada e partida de e para outros continentes. Isso tem inconvenientes, mas também vantagens.

A pressa de chegar ao poder sempre foi um pensamento pouco cuidado. É necessário saber fazê-lo sem por em causa o bem comum. No meu entender, neste passado recente, a actual maioria - “ontem” oposição – pensou de modo diferente. A verdade é que, maioritariamente, os eleitores também pensaram assim!

Estas são, portanto, razões mais do que suficientes, para assumir uma atitude construtiva, demonstrando que ser oposição é tão relevante como ser governo. E a ocasião, na política como na vida, deve concentrar as nossas energias no cumprimento do que acordámos e assinámos.

Existem sempre duas maneiras de não cumprir: por diferença e por excesso. Na primeira significaria que não teríamos feito o que devíamos para atingir os objectivos com os quais comprometemos o país. Na segunda, teríamos decidido mais medidas do que o necessário. Em qualquer dos casos não se cumpriria.

Advinha-se, então, que não desejamos nem o menos, nem o mais. E assim se compreende a nossa discordância com o corte de 50% do subsídio de Natal, os aumentos do IVA e do IRS ou a descida de 9 pontos para a indústria da Taxa Social Única (TSU) marginalizando o comércio e demais actividades. E a contrapartida proposta? Aumento do IVA ou seja: pagar o contribuinte o desconto à indústria.

Isto não vem no memorando da “Troika”, mas é algo que estava pensado há mais de dois meses, segundo dois semanários de referência pertencentes a grupos de comunicação que apoiam o Governo. A pergunta é simples: por que não se disse a verdade na campanha eleitoral? Não é necessária resposta!

Quando o então candidato e hoje Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, respondia às preocupações de uma adolescente, que ouvira a mãe dizer que se ele ganhasse iria cortar no subsídio de Natal, disse: “isso é um disparate” e em matéria de aumento de impostos “se isso vier a ser necessário” estes incidirão “sempre sobre o consumo e nunca sobre os rendimentos”.

Bom, tudo ao contrário e salvando destes “cortes” quem usufrui de dividendos. Ficaram de fora!                                               
(in Diario de Viseu)
José ´Junqueiro 2011-07-05
(Deputado do PS)

Sem comentários:

Enviar um comentário