O Ministério Público esteve em particular
evidência nestes últimos dias. O tema é sempre o mesmo: José Sócrates. Se a
investigação dedicasse tão zelosa atenção e cuidado ao seu trabalho como o que
ostenta ao conjugar o verbo “bufar” este caso já estaria arrumado, bem ou mal,
há muito tempo.
“Eça de
Queirós (…) sobre a justiça e os tribunais em abstrato quase nunca escreveu e
se o fez foi de soslaio. Conhecia o sistema e sabia que cair-lhe nas garras era
penoso, caro e de imprevisível desfecho; por mais razão que o cidadão tivesse,
sabia que não era certo que vencesse e, ainda que o conseguisse, provavelmente
ficaria arruinado”. (publicado por ASCR-Confraria Queirosiana) ”
Para uma certa Justiça, nos dias que correm, o
espaço mediático é o "fruto proibido” de
Adão e Eva no Jardim do Éden. A tentação de lhe dar uma trinca é uma espécie de
“Atração Fatal” como aquela que o filme dirigido por Adrian Lyne nos revelou nos finais dos anos 80.
Um juiz, que se qualifica como “saloio de
Mação”, deu duas entrevistas com a particularidade de utilizar um dos casos que
tem em mãos como a antítese da sua própria vida, suposta proba e discreta. Só
que, ao fazê-lo, fez acusação e condenou quem ainda não foi acusado de nada (e
já lá vão 3 anos) e não foi a julgamento. Era talvez este o paradigma a que Eça
se referia.
No entanto, o que
verdadeiramente motiva a minha opinião é um desmentido que um diário fez da sua
própria manchete da última sexta em que anunciava que o presidente de um grupo
empresarial confessara, em sede de justiça, ter feito pagamentos a José
Sócrates. Mas, logo a seguir, no Domingo, dia consagrado ao arrependimento, “admitiu o
erro (…) atribuindo ao procurador Rosário Teixeira a frase que sustentou a
notícia da manchete”. E depois a hipocrisia política diz: “à justiça o que é da
justiça”. Pois claro!
JC
2016.09.19 (distribuído como Expresso)
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