Em
julho de 2011 critiquei o governo PSD/CDS por ter aumentado de 7 para 11 o
número de administradores da Caixa Geral de Depósitos. Por coincidência,
coube-me traduzir também o sentimento do PS e do seu grupo parlamentar. E os
partidos à esquerda do PS fizeram o mesmo. A reprovação foi generalizada.
Surpreendeu-me,
pois, que o atual governo, apoiado pelo BE e PCP, tivesse assumido a decisão de
aumentar para 19 o número de administradores. Surpreendeu-me ainda mais o
silêncio cúmplice dos críticos de outrora. Nem Catarina, nem Jerónimo!
É
também estranho que, nove meses depois da tomada de posse, o ministro Mário
Centeno ainda não tenha nomeado a nova administração, tendo mesmo pedido por
favor, e por escrito, à cessante para “aguentar o barco”. Agora, à luz do
“chumbo” do BCE, tudo se compreende melhor. Como diz o povo, “o carro andou à
frente dos bois”.
Sem
levar em conta a legislação interna e as condicionantes do regulador europeu, o
próprio primeiro-ministro fez convites a personalidades de grande projeção e
mérito, uma parte das quais é agora desconvidada. É penoso para todos e a
“novela” transpira amadorismo e poucas cautelas. E, mais uma vez, Nem Catarina,
nem Jerónimo!
E
como se tal provação não bastasse, precipitou-se o secretário de estado da
tutela com o anúncio da modificação da lei para remediar o erro crasso. “Pior a
emenda do que o soneto”. E agora sim, ouvimos Catarina e Jerónimo, bem como o
Presidente Marcelo.
Há
aqui excessos do BCE, nomeadamente no que respeita à exigência de mandar para
formação alguns dos indigitados. É uma clara ingerência nas opções internas e
creio ser difícil aos visados aceitarem uma espécie de “Novas Oportunidades”
para exercerem funções para as quais partem diminuídos. No entanto, e para já,
a conclusão é só uma: a nova lei não passará!
JC, 2016.08.21
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