Cem
dias de Governo, sem oposição responsável
Muito
se falou do desempenho de António Costa e do seu Executivo neste período
propedêutico, introdutório de um novo caminho e de um novo estilo de
governação. Ao contrário, pouco se disse, muito pouco, sobre a performance da
oposição.
O
Governo conseguiu a flexibilização de Bruxelas para as metas do OE 2016, uma
nota positiva da Moody’s e, pela primeira vez, o voto favorável do BE, PCP e
PEV, cumprindo o essencial dos seus compromissos e resistindo sempre à
tempestade dos juros nos mercados internacionais.
Complementarmente,
António Costa, recuperando uma tradição do próprio Cavaco Silva, convidou o
Presidente da República para um último ato institucional, o de presidir a um
Conselho de Ministros subordinado ao tema que lhe foi tão caro: o do Mar. Diluiu
a crispação política e construiu o ambiente adequado a um final de mandato com dignidade
e respeito mútuos.
Pôde
pois dizer, com algum conforto, que ao fim de cem dias o país, as instituições
e a vida das pessoas regressaram à normalidade. E exemplificou bem o que isso
era: ninguém tem de continuar a dormir sobressaltado com receio de que, ao
acordar, a sua prestação social, pensão, reforma ou salário esteja cortada. Bem
conseguido!
Neste
período, tal como vaticinei, a coligação de direita dividiu-se e esfumou-se. Quanto
aos seus protagonistas, Paulo Portas ensaiou uma sucessão controlada, dando a ideia
de que sai. Passos Coelho fica, com 95% dos votos, sem se dar conta de que, no
curto prazo, ou constrói o sentimento de regresso rápido ao poder ou será
removido pelo seu partido em nome desse mesmo poder.
Neste
“interim”, entre o bom desempenho da esquerda e o discurso azedo de uma direita
estupefacta, ainda desencontrada e em mutação, aconteceram cem dias de Governo
sem oposição responsável.
JC
2016.03.06
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