Marcelo Rebelo de Sousa disse que o governo cometeu um erro ao não informar o PS sobre as alterações ao memorando da Troika e que o repetiu quando fez o mesmo na elaboração do OE 2012. Maria João Avillez, na mesma linha, considera que por “elegância e inteligência” o governo deveria ter contado com o PS. João Salgueiro também deu a sua opinião: este é “um orçamento de mínimos sem grande imaginação.” Bagão Félix nota que o “Estado está viciado na austeridade” e que ela se dirige sempre aos mesmos e nada resolve. Marques Mendes acrescenta que não há neste OE 2012 uma única medida para a economia e que o próprio ministro é um problema. Miguel Sousa Tavares considera até que o memorando já não é o que era e que António Seguro tem todo o direito a votar contra. Finalmente, para não ser exaustivo, Manuela Ferreira Leite denuncia que esta austeridade nada resolve, intensificará a crise e só um modelo social diferente poderá ser a solução.
Estas são algumas das personalidades do PSD e do CDS que olharam para a atitude do governo, “ab initio”, consideraram os seus argumentos e deram opinião, negativa como se verifica! No princípio e no fim, com mais ou menos diplomacia, ratificam as apreensões do PS e do seu Secretário Geral, validam as críticas dirigidas e percebem que a oposição feita progride com base em propostas alternativas concretas.
Todos antevêem uma opinião social de rejeição global que pode ter expressão nas ruas. Existindo como existem alternativas aos cortes, por exemplo, dos subsídios de férias e Natal, existindo como existem alternativas aos aumentos máximos do IVA para a electricidade e gás, todas elas devidamente quantificadas, facilmente se percebe que o PS está empenhado nas metas do défice e que esse é um compromisso que não declinará.
No entanto, o governo tudo tem feito para provocar um voto contra do PS. É essa a estratégia. Ainda esta semana, no Parlamento, o Ministro da Economia, numa interpelação suscitada pelo BE, passou o seu tempo a atacar o PS quando deveria ter anunciado medidas para o crescimento e o emprego. O grupo parlamentar do PSD repetiu a dose. E, depois, ambos, em coro miudinho, exigiam uma posição do PS favorável ao OE 2012.
O ministro chegou mesmo a ignorar as duas vezes, 1995 e 2005, em que o PS foi chamado ao governo para resgatar o país da crise em que a direita, em maioria absoluta, o mergulhara. Cavaco Silva, Durão Barroso, Paulo Portas e Santana Lopes foram os grandes protagonistas. E sempre o défice caiu abaixo dos 3%! Lembrou-se de nos atirar com a taxa de desemprego, “a maior de sempre”, esquecendo-se que o próprio prevê para 2012 um recorde de 13,4% e que para 2015, quatro anos depois, os seus melhores cálculos apontam para o mesmo nível de desemprego que hoje existe! Estão a “pedi-las”!
DB 2011-10-27
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