sábado, 6 de fevereiro de 2016

A estabilidade da legislatura terá a sua prova real no OE 2017

O Governo andou bem na negociação do OE 2016. A luz verde da Comissão Europeia compromete ambas as partes e foi fundamental para a confiança dos mercados.
Ficou demonstrado que é possível negociar e defender uma estratégia nacional sem que o país tenha que se submeter a um caminho único, apontado por eurocratas e obedecido por uma direita sem alma que foi muito para além dele.
Passos Coelho ao anunciar a sua recandidatura à liderança confessou esse facto que, aliás, lhe ficará colado como uma fraqueza. Foi para além da “Troica” e nós para além do que poderíamos suportar. E tudo sob o olhar cúmplice do Presidente da República, Cavaco Silva.
O resultado está à vista. Nada se resolveu. O PSD sabe isso muito bem e ao recandidato Passos Coelho será exigida muita arte e engenho para se manter como timoneiro. Paulo Portas percebeu isso tudo “na hora” e foi rápido ao escolher o caminho da saída. A direita está a viver um período difícil e o modo como se acantonou na oposição sabe a pouco e revela ainda menos perspicácia.
Compreende-se, pois, que Manuela Ferreira Leite tenha comentado que  (...) “em termos formais e políticos, o Governo português ganhou”. E porquê? “Chega a um OE que tem o cuidado de apresentar contas equilibradas, ao mesmo tempo, não tendo de abdicar das medidas” que lhe poderiam custar o apoio dos partidos seus parceiros na Assembleia (...).
Segue-se agora na AR o debate sobre o OE. É um período importante, não só para perceber a direita, mas, sobretudo para conhecer as propostas de alteração do BE e do PCP. Vão definir um caminho, qual alimento político, para os respetivos eleitorados. Nenhum dos parceiros quer ser devorado pelo PS, mas todos sabem que têm de cumprir os compromissos assumidos.
Depois, em Abril, teremos o início de seis meses decisivos, até outubro, altura em que dará entrada o OE 2017. A partir desta primavera tudo vai ser particularmente medido pelas instituições nacionais e europeias e tudo vai ser sentido pelo eleitorado. Entre as previsões das partes e os números da execução orçamental resultarão “os factos” vertidos em matemática pura.
Por isso, para bom entendedor, a estabilidade da legislatura terá a sua prova real no OE 2017

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