O Governo
andou bem na negociação do OE 2016. A luz verde da Comissão Europeia
compromete ambas as partes e foi fundamental para a confiança dos mercados.
Ficou
demonstrado que é possível negociar e defender uma estratégia nacional sem que
o país tenha que se submeter a um caminho único, apontado por eurocratas e
obedecido por uma direita sem alma que foi muito para além dele.
Passos
Coelho ao anunciar a sua recandidatura à liderança confessou esse facto que, aliás, lhe
ficará colado como uma fraqueza. Foi para além da “Troica” e nós para além do
que poderíamos suportar. E tudo sob o olhar cúmplice do Presidente da
República, Cavaco Silva.
O resultado
está à vista. Nada se
resolveu. O PSD sabe isso muito bem e ao recandidato Passos Coelho
será exigida muita arte e engenho para se manter como timoneiro. Paulo Portas
percebeu isso tudo “na hora” e foi rápido ao escolher o caminho da saída. A
direita está a viver um período difícil e o modo como se acantonou na oposição
sabe a pouco e revela ainda menos perspicácia.
Compreende-se,
pois, que Manuela
Ferreira Leite tenha comentado que
(...) “em termos formais e políticos, o Governo
português ganhou”. E porquê? “Chega a um OE que tem o cuidado de apresentar
contas equilibradas, ao mesmo tempo, não tendo de abdicar das medidas” que lhe
poderiam custar o apoio dos partidos seus parceiros na Assembleia (...).
Segue-se agora na AR o debate sobre o OE. É um
período importante, não só para perceber a direita, mas,
sobretudo para conhecer as propostas de alteração do BE e do PCP. Vão definir
um caminho, qual alimento político, para os respetivos eleitorados. Nenhum dos
parceiros quer ser devorado pelo PS, mas todos sabem que têm de cumprir os
compromissos assumidos.
Depois, em Abril, teremos o início de seis meses decisivos, até outubro, altura em que dará
entrada o OE 2017. A partir desta primavera tudo vai ser particularmente medido pelas instituições
nacionais e europeias e tudo vai ser sentido pelo eleitorado. Entre as
previsões das partes e os números da execução orçamental resultarão “os factos”
vertidos em matemática pura.
Por isso, para bom entendedor, a estabilidade da legislatura
terá a sua prova real no OE 2017
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