quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Socialistas criticam acordo e há quem defenda recuo de Costa

"Alguns socialistas mantêm reticências face às negociações do PS com a esquerda parlamentar. Vera Jardim espera para ver mas não esconde a afinidade face à "corrente" Assis. Já Brilhante Dias defende que António Costa ainda pode recuar.

O socialista José Vera Jardim distanciou-se, esta segunda-feira, 2 de Novembro, do secretário-geral do partido, 
António Costa, abrindo a porta à adesão à "corrente crítica e alternativa" anunciada no passado fim-de-semana pelo eurodeputado Francisco Assis. Num programa da Rádio Renascença, emitido esta segunda-feira à noite, Vera Jardim começou por exigir um acordo entre o PS e as restantes forças parlamentares da esquerda em que "as contas têm de bater certas".
Ainda assim, Vera Jardim não exclui a possibilidade de concordar com a solução final resultante das conversações entre o PS e BE, PCP e Verdes. Mas adverte que poderá aderir à "corrente" Assis caso não se identifique com o acordo à esquerda. 
"Se me perguntasse se eu prefiro a solução Francisco Assis ou um acordo com que não concorde, sem dúvida nenhuma que preferia a solução Francisco Assis. Mas eu espero para ver o acordo. Tenho esperanças que satisfaça aquilo que eu digo que são, não os mínimos, mas aquilo que eu julgo correcto", disse Jardim à RR. E se não satisfizer, "tirarei as minhas conclusões", avisa.
No entanto, apesar de considerar "muito úteis" as posições adoptadas por Assis, o dirigente socialista gostaria que o eurodeputado tivesse aguardado um pouco mais antes de tomar esta iniciativa de forma a evitar "acusações de divisionismo e coisas desse género".
O antigo ministro da Justiça mostra-se claramente crítico das negociações em curso, cujo resultado até agora conhecido é "zero". E critica abertamente o facto de a porta-voz bloquista, Catarina Martins, ter anunciado um acordo com o PS para a subida de todas as pensões. "Obviamente que não me agrada que uma dirigente de um partido em negociações com o PS venha anunciar medidas, ainda por cima chamando a si os louros das ditas medidas", acusa.
Logo que ficou claro que António Costa iria encetar negociações com BE, PCP e Verdes com vista à formação de um Governo apoiado por uma maioria parlamentar de esquerda, começaram a surgir vozes dissonantes no partido
O primeiro nome socialista de peso a fazê-lo terá mesmo sido Francisco Assis, que entretanto anunciou ao Expresso a criação de uma "corrente alternativa". Corrente que ganhará forma já no próximo sábado com a realização de um almoço na Mealhada em que Assis esperar congregar mais de 100 militantes. No entanto, segundo assegurou ao Público já esta terça-feira, 3 de Novembro, Francisco Assis exclui "apelar a que desrespeitem a disciplina de voto porque a disciplina de voto é importante".
Um dos nomes que se junta a Assis é o de José Junqueiro. O ex-deputado lamenta que a iniciativa do secretário-geral do partido, de avançar com negociações à esquerda, não tenha sido discutida no seio do partido e acusa António Costa de se ter deixado ultrapassar por Catarina Martins, "a pivô deste processo". Em entrevista ao i, Junqueiro garante que "Catarina Martins já pode dizer que conseguiu descongelar as pensões".
Já o segurista Eurico Brilhante Dias, que tem estado mais reticente em se colocar frontalmente na oposição à iniciativa de Costa, reconhece legitimidade política ao secretário-geral socialista para negociar um acordo desde que o mesmo seja "positivo".
Contudo, em declarações feitas esta segunda-feira à noite, na SIC Notícias, Brilhante Dias diz sentir-se mais próximo das posições de Assis do que do líder do partido, deixando a porta aberta à possibilidade de António Costa recuar. "O Dr. António Costa não é obrigado a celebrar qualquer acordo", até porque "terá sempre uma alternativa se achar que as condições não são aceitáveis", sustentou". (in Negócios)

Sem comentários:

Enviar um comentário