A
equipa escolhida por António Costa é constituída por pessoas com claro
reconhecimento público. Algumas vão fazer a sua primeira experiência
governativa, mas a maioria, para além de competências próprias, tem uma base política
forte construída pelo trabalho em anteriores executivos, na Assembleia da
República ou nas responsabilidades partidárias.
Não
haveria segunda oportunidade para criar uma primeira boa impressão. Creio que
pela rapidez, surpresa e consistência, esta foi uma aposta ganha pelo PS e pela
liderança de António Costa, facto sublinhado em toda a comunicação social.
Viveremos,
pois, um tempo novo que já fez história pela solução encontrada. E se o mandato
for concluído com êxito mais história se fará, porque a esquerda continuará
maioritária sendo certo que a representatividade de cada um dos partidos que a
integram será substancialmente modificada. O mesmo acontecerá à direita.
Nesta
sexta-feira o novo governo já terá tomado posse e o novo ano, com um novo orçamento
e uma nova filosofia política, económica e social, poderá, com grande
probabilidade, fazer ruir todos os fantasmas que a direita ainda está a
utilizar. A ser assim, PSD e CDS – que não vão ficar juntos para sempre – poderão
conhecer um período longo fora do arco do poder.
Diminuir
o défice durante a legislatura, a uma velocidade mais moderada, tal como todo o
PS defendeu nestes últimos quatros anos, significa que em 2016 em vez de -1,8%
como a PàF queria, teremos -2,8%. Haverá então folga para as reformas do PS e
Portugal estará sempre ao abrigo de procedimento por défice excessivo.
Se
Bruxelas aceitar – e tudo leva a crer que sim – será libertado mais dinheiro
para as pessoas e para a economia, teremos crescimento e aumento do emprego,
ainda que de forma moderada.
A
verdade é que a Europa, especialmente a França ou a Alemanha, não vai
apresentar resultados melhores. Quererão todos, sem exceção, melhor compreensão
do Tratado Orçamental, maior flexibilidade nas metas definidas, melhores
oportunidades para a economia, mais crescimento e melhor emprego.
Durante
quatro anos, o PS sempre disse que havia outro caminho e não sucumbiu à ideia,
tenazmente cultivada pela direita, de que não existiam outras alternativas.
Em
democracia há sempre outras soluções. Se o reembolso dos cortes aos
trabalhadores for concluído na plenitude em 2016, se neste ano e no seguinte
for extinta a sobretaxa do IRS e concluído o descongelamento das pensões, ao
mesmo tempo que se atualizam as prestações sociais, então ficará provado que
havia outro caminho, com o PS, que compatibiliza mais equidade social com
melhores contas públicas.
Um
governo, seja ele qual for, só deverá ser avaliado pelos resultados finais. A
oposição, num exercício de inteligência, não deveria profetizar apenas fatalismos,
nem se deveria radicalizar no “não contem connosco para nada”, porque se as
coisas correrem bem ao PS pode ser que em 2019 seja o eleitorado a dizer à
direita “não contem connosco para nada”.
DV
2015.11.25
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