sexta-feira, 21 de agosto de 2015

(Opinião) Liberdade de voto nas presidenciais?

“Não confundamos as prioridades”. Foi assim que titulei em abril, neste jornal, um artigo que mantém toda atualidade e, sobretudo, permite-me sublinhar que além de ter razão não mudei de opinião. E disse o seguinte:
As eleições legislativas são a maior prioridade política até outubro de 2015. O nosso futuro coletivo dependerá das escolhas que o eleitorado vier a fazer. Por isso, em minha opinião, todas as energias disponíveis do PS devem ir ao encontro desta dominante.
As eleições presidenciais serão em 2016, no arranque do ano, e estou certo de que vão proporcionar um grande debate político, mas com um conteúdo distinto daquele que as legislativas exigem. Vamos conhecer múltiplos candidatos, talvez mais à esquerda do que à direita, mas certamente todos eles com virtudes muito próprias que os eleitores avaliarão com sabedoria”.
E assim está a ser. A esquerda, aparentemente, expõe-se mais do que a direita, mas isso não significa que a dita não tenha um problema maior para resolver. E vai ter de resolver. É o tal “grande debate político” a que aludi. Primeiro, porque os partidos terão de se definir quanto às suas opções e, depois, porque o eleitorado terá de se definir quanto às suas escolhas.
Maria de Belém, que apoio, decidiu esta semana anunciar que era candidata, com a mesma oportunidade e direito com que o fizeram Henrique Neto, primeiro, e Sampaio da Nóvoa depois. Fez bem. Acabou com especulações e dá prioridade às legislativas.
Ainda que nenhum partido tenha declarado apoio a Henrique Neto, já o Livre, da esquerda radical, defende Sampaio da Nóvoa. E foram muitos os socialistas, ao mais alto nível, que também lhe manifestaram, ativamente, a sua simpatia. Eu próprio fui ouvi-lo, com gosto, quando esteve em Viseu.
No entanto, com Maria de Belém foi diferente. Houve quem reagisse com ataques de caráter, sinal indelével de fraqueza, ou invocando a (in)oportunidade da sua decisão. Não estranhei, pois, que Manuel Alegre viesse dizer: "Ninguém tem o exclusivo da cidadania. Ser membro de um partido não constitui uma menoridade cívica, como ser independente não confere a ninguém um estatuto de superioridade sobre quem assume a sua filiação partidária" (…) "não há proprietários da esquerda nem monopólio de candidaturas". E não há mesmo.
Carlos César, presidente do partido, pensa como eu quanto à definição do PS nas presidenciais. Acha que já deveria ter sido. E eu também, pelo que tornei público o seguinte: Na política devemos ser genuínos e se há várias figuras próximas do atual secretário-geral que apoiam Sampaio da Nóvoa, eu, no lugar dele, já tinha dito o que pensava sobre este assunto. Declarar o apoio só depois das legislativas gera equívocos dentro do PS.” Tinha razão!
A não ser que a direção do PS não esteja tão convicta quanto eu de uma vitória nas legislativas e acautele, por isso, a sua posição e a do “próximo(a)”, deixando passar a ideia de que poderá não apoiar ninguém. Isso significará o quê, (in)segurança, (des)confiança ou apenas liberdade de voto nas presidenciais?

DV 2015.08.19

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