“Não confundamos as prioridades”. Foi assim que
titulei em abril, neste jornal, um artigo que mantém toda atualidade e,
sobretudo, permite-me sublinhar que além de ter razão não mudei de opinião. E disse
o seguinte:
“As
eleições legislativas são a maior prioridade política até outubro de 2015. O
nosso futuro coletivo dependerá das escolhas que o eleitorado vier a fazer. Por
isso, em minha opinião, todas as energias disponíveis do PS devem ir ao
encontro desta dominante.
As
eleições presidenciais serão em 2016, no arranque do ano, e estou certo de que
vão proporcionar um grande debate político, mas com um conteúdo distinto
daquele que as legislativas exigem. Vamos conhecer múltiplos candidatos, talvez
mais à esquerda do que à direita, mas certamente todos eles com virtudes muito
próprias que os eleitores avaliarão com sabedoria”.
E assim está a ser. A esquerda, aparentemente,
expõe-se mais do que a direita, mas isso não significa que a dita não tenha um
problema maior para resolver. E vai ter de resolver. É o tal “grande debate político” a que aludi.
Primeiro, porque os partidos terão de se definir quanto às suas opções e,
depois, porque o eleitorado terá de se definir quanto às suas escolhas.
Maria de Belém, que apoio, decidiu esta semana anunciar
que era candidata, com a mesma oportunidade e direito com que o fizeram
Henrique Neto, primeiro, e Sampaio da Nóvoa depois. Fez bem. Acabou com
especulações e dá prioridade às legislativas.
Ainda que nenhum partido tenha declarado apoio
a Henrique Neto, já o Livre, da esquerda radical, defende Sampaio da Nóvoa. E
foram muitos os socialistas, ao mais alto nível, que também lhe manifestaram, ativamente,
a sua simpatia. Eu próprio fui ouvi-lo, com gosto, quando esteve em Viseu.
No entanto, com Maria de Belém foi diferente.
Houve quem reagisse com ataques de caráter, sinal indelével de fraqueza, ou
invocando a (in)oportunidade da sua decisão. Não estranhei, pois, que Manuel
Alegre viesse dizer: "Ninguém tem o exclusivo da cidadania. Ser membro de um partido não
constitui uma menoridade cívica, como ser independente não confere a ninguém um
estatuto de superioridade sobre quem assume a sua filiação partidária" (…) "não há proprietários da esquerda nem monopólio de
candidaturas". E não há mesmo.
Carlos
César, presidente do partido, pensa como eu quanto à definição do PS nas
presidenciais. Acha que já deveria ter sido. E eu também, pelo que tornei
público o seguinte: “Na
política devemos ser genuínos e se há várias figuras próximas do atual
secretário-geral que apoiam Sampaio da Nóvoa, eu, no lugar dele, já tinha dito
o que pensava sobre este assunto. Declarar o apoio só depois das legislativas
gera equívocos dentro do PS.” Tinha razão!
A
não ser que a direção do PS não esteja tão convicta quanto eu de uma vitória
nas legislativas e acautele, por isso, a sua posição e a do “próximo(a)”,
deixando passar a ideia de que poderá não apoiar ninguém. Isso significará o
quê, (in)segurança, (des)confiança ou apenas liberdade de voto nas
presidenciais?
DV 2015.08.19
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