sexta-feira, 21 de agosto de 2015

(Exp. Ricardo Costa) A última jogada de Tsipras

Como resumir os últimos meses de Alexis Tsipras? Não é tarefa fácil, depois de tanta volta e reviravolta, de ter chegado de rompante com um discurso demasiado fácil e de ter engolido quase tudo, de ter vencido eleições contra a austeridade e arriscado a vida política num referendo, de ter feito o contrário do que queria e ter enfrentado uma rebelião no seu partido.

Mas há um indicador comum a todo este resumo. É que Tsipras continua com uma popularidade incrivelmente alta e sem ninguém que lhe faça frente. É isto que explica a demissão e o caminho para eleições antecipadas. O primeiro-ministro grego sabe que as vai ganhar com facilidade e isso permite-lhe ter um grupo parlamentar expurgado dos mais contestatários.

Não é certo que o Syriza se mantenha intacto – é uma coligação de vários pequenos partidos –, mas é certo que Tsipras vai vencer a eleição de forma clara, podendo até dispensar os nacionalistas que hoje lhe garantem a maioria. Bruxelas, Berlim, etc., sabem que é com Alexis Tsipras que vão lidar e por muito tempo.

Ah, já me esquecia. É que apesar de as eleições gregas ainda não terem data, tudo aponta para dia 20 de setembro, ali em plena campanha eleitoral… portuguesa. Isto explica o regresso em força da Grécia ao discurso da coligação PSD-CDS e promete mais uns embaraços ao PS que mostrou uma estranha simpatia pelo advento do Syriza. Depois corrigiu o tiro, mas o mal inicial ficou feito.

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