Para
perceber, dê-se tempo ao tempo!
Felisbela Lopes faz aos sábados na
RTP a habitual seleção, leitura e comentário das notícias da imprensa escrita
que considera mais relevantes. Escreveu recentemente um artigo da maior
oportunidade sobre o modo de funcionamento dos partidos sublinhando aquilo que
entende como inevitabilidades, tal como
o excerto seguinte ilustra.
“Não será simples a empreitada de
constituir listas para eleições legislativas. Porque aqueles que importa atrair mostram desinteresse por qualquer
envolvimento com os partidos e porque aqueles que seria ajuizado afastar se
revelam inevitáveis para pôr em marcha uma campanha pelo chamado país real. Por
isso, em qualquer circunscrição eleitoral há sempre o cabeça de lista que se
apresenta com alguma singularidade e todos os outros que, por norma, não convém
muito conhecer, porque aí se misturam muitas e variegadas gentes. Gente
inteligente e gente assustadoramente ignorante. Gente com espírito de serviço
público e gente com inconfessáveis vícios privados. Gente com interesse e gente
sem qualidades. Essa gente senta-se lado a lado, em bancadas que deveriam ser
povoadas de deputados de elevada competência.”
No que ao PS diz respeito, ainda estamos muito perto dos
acontecimentos para perceber as razões que determinaram as escolhas, as
propostas e as aprovações finais em todos os círculos eleitorais. Este
pressuposto não me permite, pois, ter leitura definitiva sobre as opções
conhecidas.
De facto, olhando para os cabeças de lista anteriores sabe-se
que o critério ia no sentido da não recandidatura, mas isso não foi assim e
surgiram as exceções, tal como aconteceu como a impossibilidade de indicação de
“paraquedistas”, facto que neste caso só não funcionou em Viseu.
Foi estranho. Nunca existiram insubstituíveis, mas
compreende-se mal que um distrito como o nosso não tenha como primeiro um dos
seus, um homem ou uma mulher. E hoje são vários os homens e mulheres que poderiam
assumir capazmente essa missão pública.
E há, entre outros, um critério nacional vital, o do
reconhecimento do mérito, que também não funcionou. Entre nós será necessária
muita criatividade para justificar a desconsideração do trabalho dos três
deputados do PS.
Concordando-se ou não com as suas opções políticas, sabe-se
que qualquer um tem vida própria, com património profissional, politico,
parlamentar e governamental publicamente reconhecidos. São muitas as
instituições que o fizeram, tal como aconteceu com autarquias dos diferentes
partidos, bem como com Guterres e Sócrates que os escolheram para funções de
governo.
E
com o empenhamento de todos, tendo sido eu presidente da Federação até 2010, o
PS elege com regularidade 4 deputados desde 1995, obtém a primeira vitória
legislativa em 2005, consegue (em 2009) passar de quatro para nove o número de
câmaras e depois (em 2013) para onze, já com João Azevedo. Portanto, para
perceber as decisões, dê-se tempo ao tempo!
DV
2015-07-22
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