sexta-feira, 24 de julho de 2015

(Opinião) Para perceber, dê-se tempo ao tempo!

Para perceber, dê-se tempo ao tempo! 

Felisbela Lopes faz aos sábados na RTP a habitual seleção, leitura e comentário das notícias da imprensa escrita que considera mais relevantes. Escreveu recentemente um artigo da maior oportunidade sobre o modo de funcionamento dos partidos sublinhando aquilo que entende como inevitabilidades, tal  como o excerto seguinte ilustra.

“Não será simples a empreitada de constituir listas para eleições legislativas. Porque aqueles que importa atrair mostram desinteresse por qualquer envolvimento com os partidos e porque aqueles que seria ajuizado afastar se revelam inevitáveis para pôr em marcha uma campanha pelo chamado país real. Por isso, em qualquer circunscrição eleitoral há sempre o cabeça de lista que se apresenta com alguma singularidade e todos os outros que, por norma, não convém muito conhecer, porque aí se misturam muitas e variegadas gentes. Gente inteligente e gente assustadoramente ignorante. Gente com espírito de serviço público e gente com inconfessáveis vícios privados. Gente com interesse e gente sem qualidades. Essa gente senta-se lado a lado, em bancadas que deveriam ser povoadas de deputados de elevada competência.”

No que ao PS diz respeito, ainda estamos muito perto dos acontecimentos para perceber as razões que determinaram as escolhas, as propostas e as aprovações finais em todos os círculos eleitorais. Este pressuposto não me permite, pois, ter leitura definitiva sobre as opções conhecidas.
De facto, olhando para os cabeças de lista anteriores sabe-se que o critério ia no sentido da não recandidatura, mas isso não foi assim e surgiram as exceções, tal como aconteceu como a impossibilidade de indicação de “paraquedistas”, facto que neste caso só não funcionou em Viseu.
Foi estranho. Nunca existiram insubstituíveis, mas compreende-se mal que um distrito como o nosso não tenha como primeiro um dos seus, um homem ou uma mulher. E hoje são vários os homens e mulheres que poderiam assumir capazmente essa missão pública.
E há, entre outros, um critério nacional vital, o do reconhecimento do mérito, que também não funcionou. Entre nós será necessária muita criatividade para justificar a desconsideração do trabalho dos três deputados do PS.
Concordando-se ou não com as suas opções políticas, sabe-se que qualquer um tem vida própria, com património profissional, politico, parlamentar e governamental publicamente reconhecidos. São muitas as instituições que o fizeram, tal como aconteceu com autarquias dos diferentes partidos, bem como com Guterres e Sócrates que os escolheram para funções de governo.
E com o empenhamento de todos, tendo sido eu presidente da Federação até 2010, o PS elege com regularidade 4 deputados desde 1995, obtém a primeira vitória legislativa em 2005, consegue (em 2009) passar de quatro para nove o número de câmaras e depois (em 2013) para onze, já com João Azevedo. Portanto, para perceber as decisões, dê-se tempo ao tempo!

DV 2015-07-22

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