PS não poupa programa eleitoral do
PSD/CDS e lamenta falta de cálculos de impacto orçamental das medidas.
"Não é assim que se faz política".
Centeno,
candidato a deputado e coordenador do cenário macroeconómico do PS, critica a
ausência da quantificação de medidas no programa eleitoral da coligação
PSD/CDS, considerando mesmo que se pode estar perante autênticas “bombas
atómicas”. É o caso do plafonamento das pensões.
Em declarações ao Observador, o economista
lamenta que se não se possa discutir com seriedade as propostas do PSD/CDS.
“Não é assim que se faz política, muito menos em tempo de eleições. Aos olhos
de um economista o que salta à vista é o que não está lá. Não está nadaquantificado.
Não estão identificados os custos de cada medida de modo individual. E há aqui
potenciais bombas atómicas”, afirmou.
No caso do plafonamento da segurança social,
Centeno diz que se pode estar perante uma medida com um impacto de 2,3 mil
milhões de euros a menos nos cofres da Segurança Social. “Se estivermos a falar
de descontos opcionais para outros sistemas em salários acima dos 2.000
euros, isso significaria 17% das receitas da segurança social, o que daria 2,3
mil milhões de euros”, explicou, salientando que em Portugal apenas “8%
dos trabalhadores recebem mais de 2.000 euros”.
Quando o PS apresentou o seu cenário
macroeconómico, o PSD enviou um conjunto de 29 perguntas a pedir mais detalhe
nas contas apresentadas e os socialistas (ou melhor, Mário Centeno)
responderam-lhes. Questionado pelo Observador se vai optar pelo mesmo método e
questionar o PSD, o economista nega. “As perguntas são feitas por vocês e pelos
cidadãos, é legítimo toda a gente fazer perguntas”.
Mas o programa do PS não diz em detalhe
quanto vale cada medida apresentada. Centeno diz que essas contas existem.
“Essas quantificações vão aparecer mas de qualquer forma 95% das medidas com
incidência orçamental já estão quantificadas no cenário macroeconómico”,
explica.
Centeno questiona o custo também de medidas
como a reposição dos 4º e 5º escalões do abono de família, novos apoios
para os avós e apoios domiciliários. De qualquer forma, confessa que não achou
“estranho” a omissão do PSD/CDS a avaliar pelo “calibre” das perguntas que lhe
foram feitas a propósito do cenário macroeconómico que revelavam
“desconhecimento” das matérias.
O economista diz ainda não ter
encontrado “verdadeiramente nenhuma reforma estrutural” e, sobre as
isenções de TSU propostas para o interior, lembra que já existem
atualmente cerca de “460 milhões de euros em isenção em Taxa Social Única”.
Também o secretário-geral do PS, António
Costa, comentou esta quinta-feira a ausência de cálculos da coligação PSD/CDS,
depois dos sociais-democratas terem criticado o PS por mostrar poucos
números. “Nesta fase da vida nacional, não é possível apresentar um
programa sem apresentar contas. No caso do PS foi duro, porque durante muito
tempo fomos criticados por não fazermos promessas, mas apresentámos depois um
cenário macroeconómico com o estudo do impacto e da exequibilidade de cada
medida que propusemos”, declarou, considerando que o exercício do PS é “mais
prudente”.
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