António Costa encerrou a Convenção com um forte discurso de compromisso. O programa foi profundamente debatido, mas as propostas que os alguns dos oradores deixaram não foram esquecidas no discurso de encerramento. Ficam algumas passagens que a imprensa sublinhou.
"Fundos Comunitários no
Conselho de Ministros
Depois de muitos anos
dedicado à Galp, o ex-secretário de Estado de Elisa Ferreira João Nuno Mendes
compareceu no Coliseu dos Recreios para falar de Investimento e Inovação.
Destacou a importância para economia portuguesa dos 22 mil milhões de euros do
Quadro Comunitário de Apoio para depois defender que a sua relevância
justificava que o tema fizesse sempre “parte da agenda dos conselhos de
ministros”. Sustentou mesmo que era mais com a execução desses planos e menos
com a elaboração de novas leis que um executivo devia estar preocupado. “Em
Portugal legisla-se de mais”, criticou. Assim, o Governo manteria debaixo de
olho os investimentos estratégicos, nomeadamente, na criação de novos clusters,
focados mais nas regiões do que nos ministérios.
Enterrar os exames do 4º
ano
A Educação foi um tema que
surgiu em mais de um momento da convenção. Mas foi no painel sobre esse mesmo
tema que João Costa lançou um desafio ao líder do PS sob a forma de pergunta.
“Precisamos mesmo de exames do quarto ano?”, questionou antes de comparar os
exames nacionais a um raio-x. E, rematou “um raio-x não cura um doente”. E no
primeiro dia da convenção, João Nuno Mendes sugeriu ao PS “assumir que o abandono
escolar seja zero em Portugal”.
As reticências sobre a TSU
A dirigente da Apre!, Maria do Rosário Gama, e o sindicalista José Abraão deram a cara no único tema em que António Costa sentiu resistência em relação ao programa. Rosário Gama, convidada para discursar logo na sexta-feira, aproveitou os seus cinco minutos para criticar as propostas do programa sobre a TSU e Segurança Social. “A descida da TSU é contra-natura”, disse antes de usar uma analogia: “Retirar a água do depósito é arriscar morrer de sede antes de o voltar a encher”. No dia seguinte, foi o sindicalista José Abraão a subir ao palco para assumir as suas reticências. Referindo-se ao programa eleitoral, reconheceu que o documento tinha “medidas” que justificavam a sua “preocupação” e que acarretavam “riscos”. E por isso deixou entendido que essas propostas teriam de ser alvo de “negociação”.
Criação do Fundo Monetário
Europeu
O discurso arrancou com
críticas à Comissão Europeia liderada por Durão Barroso, mas foi nas propostas
que Elisa Ferreira se destacou. Quando o Coliseu estava já quase vazio, a
eurodeputada propôs criação de uma nova estrutura para a gestão da
instabilidade financeira no Velho Continente. Elisa Ferreira defendeu que “o
Mecanismo de Estabilidade do Euro se transforme num Fundo Monetário Europeu”,
retirando as competências aos Estados-membros para as transferir para a
estrutura comunitária. E assim atingir o objectivo de “desmantelar” a
“estrutura da troika”
que considerou representar um “atentado aos princípios elementares da UE”.
100 novas unidades de
saúde familiar
Teve direito a um painel,
que os intervenientes aproveitaram para encher de metas. Já no arranque
do segundo dia, a convenção ouve Marta Temido a encomendar ao PS a tarefa de
“fazer do Serviço Nacional de Saúde o melhor empregador do sector”. E Adalberto
Campos Fernandes a defender que o PS, “logo no início da legislatura”, avance
com a criação de “100 novas unidade de saúde familiar” no país.
Balança alimentar
equilibrada
Foi o ex-ministro da
pasta, Capoulas Santos, quem assumiu o compromisso. Quando o painel debatia o
património, o socialista definiu uma meta para reduzir a importação de produtos
agrícolas pelo país. “Equilibrar a balança no espaço de duas legislaturas [oito
anos]”, disse Capoulas depois de apresentar a agricultura e a floresta com dois
dos maiores activos do país. Mas para isso era preciso tratar melhor os
agricultores, avisou antes de ir buscar uma das promessas constantes do
programa: o de “pagar os apoios públicos aos agricultores a tempo e horas”.
Assumiu ainda o compromisso do Banco de Terras e a defesa do ressurgimento da
“indústria do pinho”.
O “compromisso ético” dos
candidatos
Apresentou-se como
independente e foi nessa condição que Helena Roseta desafiou o líder do PS a
fazer diferente com os seus candidatos. Depois de falar na importância da transparência,
sugeriu a António Costa que os candidatos do partido assumissem uma postura
mais transparente para marcar a diferença nas eleições, assinando um
“compromisso ético com os valores da República, os direitos sociais e a
decência". Que se deveria mesmo estender depois a membros do Governo e
outros servidores públicos. O presidente do partido, Carlos César, pegou no
mesmo tema. "No combate a fenómenos como a corrupção e o abuso de poder,
devemos procurar os consensos necessários e o PS deve liderar essas lutas em
Portugal"." (P - Nuno Sá Lourenço)
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