Uma coisa é certa. Jesus todo-poderoso é mesmo omnipresente. Nas manchetes,
nas aberturas dos telejornais, nas redes sociais... caramba ele está em toda
a parte! Confesso, eu bem tentei, mas não há como fugir ao tema escaldante do
momento. Entre os que lhe lançam pragas e os que lhe atiram juras de amor
eterno, há de tudo. No Expresso Diário contámos os pormenores sobre os
bastidores desta transferência. “Esta é uma história de um agente que
quer ser um super-agente, de um presidente que quer ser um super-presidente e
de um treinador que se acha um super-treinador. Mas não é uma história com
super-ação, nem sequer com superação – é negócio, mais ou menos puro e
sobretudo duro”, resume o arranque do texto. O resto vai ter de ler aqui e garantimos que vale a pena.
O que me preocupa mesmo são os milhões, porque se bem me lembro ainda vivemos
num país acabado de sair da bancarrota. E eles são tantos, Jesus! Seis
milhões não caem do céu, e não há relatos de minas em Alvalade nem de
galinhas dos ovos de ouro para aquelas bandas da segunda circular. Sporting
desmentiu ontem à noite em comunicado que a Guiné Equatorial e
Álvaro Sobrinho tenham entrado com o dinheiro. De onde virá então a massa e
como é a questão que todos discutem. João Quadros, mordaz como sempre, avança
com uma hipótese: e se fosse o Ricardo Araújo Pereira a pagar o primeiro
mês?
Brincadeiras à parte, que o assunto não parece sério mas é, Ricardo Costa,
sportinguista confesso, é certeiro: este é um clube herdeiro dos destroços
do Sporting dos Betos. “Durante anos e anos, foi dirigido por ondas
sucessivas de meninos bem, formados nas melhores escolas e com belos
apelidos, mas incapazes de gerir um snack bar”, escreveu na sua crónica. É justo agora
perguntar: Será que Bruno de Carvalho é capaz de gerir valores de uma
multinacional?
Nesta novela tão quente, achei curioso descobrir que Luis Filipe Vieira é
capaz de ser um dos últimos maoistas lusos. "Sou o timoneiro desta
grande barca", disse ontem à noite comentando a saída do treinador
encarnado. E, tal como Mao Tsé-Tung, que também se intitulava o Grande
Timoneiro, mostrou-se adepto das operações de limpeza. Se não gostas do curso
da história, apaga-a.
A indignação foi tanta pelo Estádio da Luz que Jesus foi retirado do presépio, ou melhor dizendo, da estrutura de bicampeões na Loja do Benfica. E conseguiu fazer todo um discurso sem citar o nome de Jesus uma única vez. Esta é sem dúvida uma das histórias mais divertidas do dia. Já tentei gritar, como a minha homónima da BD, "pare o mundo, quero descer!", mas infelizmente não resultou, por isso o melhor é mesmo rir para não chorar.
Dito tudo isto, só me assalta uma última e velha questão: mas porque raio
é que perdemos a cabeça com a bola? Dizem os psiquiatras e estudiosos que
o futebol cumpre uma função quase higiénica de limpeza da alma, de catarse
coletiva, de extravasamento de emoções recalcadas na sociedade, num
território onde a emoção cede lugar à razão mesmo no mais inteligente dos
seres humanos. Para uma viagem à psique da “futebolite” aguda, vale a
pena reler este texto publicado na Revista do
Expresso por altura do último Mundial (digo com pouca modéstia, porque fui eu
que o escrevi). (...) Bom fim de semana e boas leituras. Ah, e não se enerve com o futebol
porque diz que isso faz mal à saúde!"
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sexta-feira, 5 de junho de 2015
(Exp. Curto) "Bruno, o último dos moicanos. Vieira, o último dos maoistas"
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