segunda-feira, 4 de maio de 2015

(DV Opinião) "Nem centro oncológico, nem radioterapia"

Um centro oncológico não é apenas um serviço de radioterapia. O conceito abrange um ciclo completo de intervenção. Logo, e em primeiro lugar, é necessário sublinhar que o exigido para Viseu região não é apenas a radioterapia, mas sim um centro oncológico. E sua localização aqui resulta da conclusão dos estudos feitos pelos organismos competentes da saúde .
Neste contexto, a administração anterior do nosso centro hospitalar propôs ao Governo, através do respetivo ministério, o da Saúde, uma solução, uma localização, um projeto e um modelo de financiamento.
Tudo foi aceite e decidido após ponderada análise. E o processo só não foi a concurso porque, inesperadamente, entrámos em clima de pré campanha eleitoral e, por esse motivo, foi entendido que caberia ao próximo Governo a legitimidade de ratificar a decisão assumida para o seu lançamento
A ideia era ter em Viseu um centro oncológico, inserido no SNS, para serviço da população em geral. É essa a obrigação do Estado, sobretudo quando em causa está a disponibilização de um serviço público para um largo espectro da população que não beneficia nem da ADSE, nem qualquer outro seguro de saúde.
Para essa maioria, superior a dois terços da população, que não tem seguros, nem posses para ir ao privado ou ao convencionado, só resta a resposta do Estado, do SNS.
Ora ao que assistimos aqui entre nós, em matéria de opção política, é a decisão do presidente de câmara e de todo o PSD apoiar uma solução exclusivamente privada que apenas poderá ser usado por um terço das pessoas.
Tenho seguro de saúde (ADSE), como a generalidade da administração pública, pago cerca de 90 € por mês, mas essa não é, como referi, a situação da esmagadora maioria das pessoas. Não têm, não podem, não têm rendimentos e a situação de profundo desemprego agravou esta realidade.
Portanto, quando o presidente da câmara defende para Viseu região apenas uma solução privada e desiste do SNS significa que, tal como o seu Governo, diz tudo antes de eleições e o seu contrário a seguir, acabando por defender a situação de alguns quando a sua eleição lhe impunha que defendesse o interesse de todos.
Na Saúde, como no IP3, como na ferrovia, como no emprego, o PSD desistiu de tudo depois de ter trocado as tintas várias vezes. Há quem aponte aos políticos a responsabilidade de tudo o que acontece, mas a verdade é que eles são eleitos pela população, pelo seu voto secreto e direto ou, igualmente grave, pela sua abstenção. Esta última significa o momento em que poucos decidem por muitos.
Aproximam-se as eleições e esse será um momento de escolhas. Ou mais do mesmo ou a alternativa que o PS apresenta. A não ser assim, nem centro oncológico, nem radioterapia.

DV 29.04.2015

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