Um centro oncológico não é apenas um serviço de
radioterapia. O conceito abrange um ciclo completo de intervenção. Logo, e em
primeiro lugar, é necessário sublinhar que o exigido para Viseu região não é
apenas a radioterapia, mas sim um centro oncológico. E sua localização aqui
resulta da conclusão dos estudos feitos pelos organismos competentes da saúde .
Neste contexto, a administração anterior do
nosso centro hospitalar propôs ao Governo, através do respetivo ministério, o
da Saúde, uma solução, uma localização, um projeto e um modelo de financiamento.
Tudo foi aceite e decidido após ponderada
análise. E o processo só não foi a concurso porque, inesperadamente, entrámos
em clima de pré campanha eleitoral e, por esse motivo, foi entendido que
caberia ao próximo Governo a legitimidade de ratificar a decisão assumida para
o seu lançamento
A ideia era ter em Viseu um centro oncológico,
inserido no SNS, para serviço da população em geral. É essa a obrigação do
Estado, sobretudo quando em causa está a disponibilização de um serviço público
para um largo espectro da população que não beneficia nem da ADSE, nem qualquer
outro seguro de saúde.
Para essa maioria, superior a dois terços da
população, que não tem seguros, nem posses para ir ao privado ou ao
convencionado, só resta a resposta do Estado, do SNS.
Ora ao que assistimos aqui entre nós, em
matéria de opção política, é a decisão do presidente de câmara e de todo o PSD
apoiar uma solução exclusivamente privada que apenas poderá ser usado por um terço
das pessoas.
Tenho seguro de saúde (ADSE), como a
generalidade da administração pública, pago cerca de 90 € por mês, mas essa não
é, como referi, a situação da esmagadora maioria das pessoas. Não têm, não
podem, não têm rendimentos e a situação de profundo desemprego agravou esta
realidade.
Portanto, quando o presidente da câmara defende
para Viseu região apenas uma solução privada e desiste do SNS significa que,
tal como o seu Governo, diz tudo antes de eleições e o seu contrário a seguir, acabando
por defender a situação de alguns quando a sua eleição lhe impunha que
defendesse o interesse de todos.
Na Saúde, como no IP3, como na ferrovia, como
no emprego, o PSD desistiu de tudo depois de ter trocado as tintas várias
vezes. Há quem aponte aos políticos a responsabilidade de tudo o que acontece,
mas a verdade é que eles são eleitos pela população, pelo seu voto secreto e
direto ou, igualmente grave, pela sua abstenção. Esta última significa o
momento em que poucos decidem por muitos.
Aproximam-se as eleições e esse será um momento
de escolhas. Ou mais do mesmo ou a alternativa que o PS apresenta. A não ser
assim, nem centro oncológico, nem radioterapia.
DV
29.04.2015
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