sexta-feira, 3 de abril de 2015

(Opinião) O Governo e a desqualificação do distrito de Viseu

O Governo está a terminar os seus quatro anos de legislatura. Foi um tempo de impasse e retrocesso no distrito. De impasse, porque as obras em curso foram travadas. De retrocesso, porque os serviços de proximidade aos cidadãos foram inexoravelmente cortados, a atividade económica recuou e o desemprego aumentou.
Tempo de impasse na educação, na saúde, na mobilidade e na solidariedade social. A requalificação das escolas parou, restringiu-se o número de professores e debilitou-se a programação curricular.
O acesso à saúde piorou, os recursos humanos foram diminuídos até ao nível da rutura e respostas como a do Centro Oncológico finaram-se.
A mobilidade rodoferroviária foi palco de muitas promessas e de outras tantas desilusões, porque nada se fez, nada se estudou e nada se decidiu. Pior do que isso, prometeram tudo e a tudo faltaram à verdade.
Os acordos com a segurança social para os equipamentos degradaram-se, quer porque não foram feitos para aqueles cuja criação estava a ser desenvolvida, quer porque não foram atualizados para os que já existiam, sendo que as prestações sociais foram alvo de um corte geral, cego e drástico.
Tempo de retrocesso, porque na reorganização do território funcionou a arbitrariedade, a decisão vertical e a ausência de consulta prévia aos representantes das populações, aos autarcas. Foi a política do facto consumado sem qualquer economia de meios. Pelo contrário!
Foi decidido o encerramento da maioria das repartições de finanças e foram extintos tribunais, dificultando o acesso à justiça dos que dela mais precisam por ausência de recursos financeiros próprios. Tudo na vertical, sem consulta aos autarcas, ignorando a sua disponibilidade para partilhar custos e denotando uma grande insensibilidade social. E o drama que ainda é o Citius?!
A cereja fendilhada, em cima do bolo, apareceu esta semana com o anúncio requentado do Governo, através das Estadas de Portugal, de um investimento pífio nas rodovias.
Tal como já afirmei “O Governo nada tendo feito na rodovia em todo o distrito de Viseu durante 4 anos vem agora, com o mandato caducado, a 4 meses de eleições, anunciar para os próximos 5 anos um investimento de 28 M€ em todo o distrito”.
Para se ter ideia da insuficiência desta verba não daria para fazer escassos quilómetros da atual A24, no acidentado Douro Sul, ou na difícil orografia em Penacova, na desventurada ligação Viseu Coimbra.
Relembro ainda que “As intervenções de conservação e requalificação são uma atividade regular e obrigatória (era o que mais faltava!), mas não são a resposta para as ambições estruturantes de 400 mil pessoas que vivem nos 24 concelhos do distrito”, sobretudo para quem diz que tem os “cofres cheios”.
Espero vivamente que os viseenses, no momento do juízo final sobre tão padecida legislatura, de maioria PSD/CDS, saibam punir quem tanto desqualificou o distrito de Viseu


DV 2015.04.01

Sem comentários:

Enviar um comentário