sexta-feira, 3 de abril de 2015

Homenagem a José Silva Lopes que nos deixou aos 82 anos

A última vez que estive com José Silva Lopes foi nas jornadas parlamentares do PS na Nazaré, em fevereiro de 2014. 
Personalidade independente, de reconhecido prestígio  internacional, foi convidado por Alberto Martins, presidente do grupo parlamentar do PS, para dar a conhecer a sua perspetiva sobre o tema dos trabalhos "Mais crescimento, Menos Desigualdade"

(Maria João Bourbon/ com Lusa) - "Economista de exceção", "homem de enorme prestígio" e "um grande, bom e incrivelmente amável homem". São algumas das caraterísticas do economista José da Silva Lopes destacadas por várias personalidades, da economia à política. O economista português partiu, esta quinta-feira, aos 82 anos. 

José Silva Lopes partiu aos 82 anos. E, mais uma vez, Portugal perdeu. Foi esta quinta-feira, depois do falecimento do cineasta Manoel de Oliveira, que Portugal soube mais esta notícia, desta vez através do Banco de Portugal. Da economia à política, as reações à morte daquele que já tinha sido Ministro das Finanças, governandor do Banco de Portugal, administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), representante de Portugal junto do Banco Mundial, entre outros cargos, não se fizeram esperar. 
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, lamentou a perda de um "economista de exceção" e de uma "referência cimeira do pensamento económico português". Sobre ele, escreveu no site da Presidência da República: "Com a morte de José da Silva Lopes, Portugal perde uma das suas vozes mais autorizadas, respeitadas e credíveis em matéria económica, que sempre se distinguiu pela independência e pelo rigor". 
Também o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse ter recebido "com profunda tristeza" a notícia da morte do economista, que descreve como "um homem com enorme prestígio na economia e finanças". "O Dr. Silva Lopes pautou sempre a sua intervenção pela isenção e correção nas inúmeras atividades profissionais e cívicas a que esteve loigado ao longo de muitos anos", afirma, numa nota sobre a morte do ex-ministro das Finanças e antigo governador do Banco de Portugal (1975-1980). 
O mesmo sentimento sobre a morte do economista chegou ao Partido Socialista. O secretário-geral do partido, António Costa, sublinhou igualmente a "brilhante carreira" ao serviço do desenvolvimento económico nacional. Em declarações à agência Lusa, realçou que Silva Lopes "serviu o país de forma dedicada e relevante, quer como membro de vários governos provisórios e do III Governo Constitucional, quer como governador do Banco de Portugal".  

Silva Lopes (foto de António Pedro Ferreira)
"José da Silva Lopes RIP" 
Na área da economia, onde se destacou, várias vozes se despediram de Silva Lopes, com uma homenagem.  "Conheci Silva Lopes em 1976, quando integrei um grupo de estudantes do MIT, que passou o verão a trabalhar no Banco de Portugal, do qual era governador na altura". Foi assim que o economista norte-americano e prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, recordou o português, num texto escrito no seu blogue, intitulado "José da Silva Lopes RIP" (Rest in Peace, "descanse em paz", em português). "Trabalhar com Silva Lopes foi um dos principais acontecimentos" dessa estadia em Portugal, sublinhou. 
Krugman considera que "o mundo perdeu um grande, bom e incrivelmente amável homem", recordando-o como "um economista português que desempenhou um papel crucial na condução do seu país para a comunidade da Europa democrática".  
Cá em Portugal, o presidente e ex-presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), Mário Caldeira e João Duque, respetivamente, dizem adeus ao economista. "Notável" e "o primeiro portugês doutorado 'honoris causa' pelo ISEG", são as palavras que Mário Caldeira utiliza para o descrever".  
Já João Duque destaca a "elevadíssima honestidade intelectual". E partilha as lições que com ele aprendeu. "Com ele aprendi que era mais importante mostrar a nossa capacidade de análise indiviual e o nosso contributo por pensarmos pelas nossas próprias cabeças (...) do que seguirmos determinadas linhas de orientação políticas que gostam de se servir dos economistas para implementar determinados tipos de decisões ou orientações.

Sem comentários:

Enviar um comentário