A última vez que estive com José Silva Lopes foi nas jornadas parlamentares do PS na Nazaré, em fevereiro de 2014.
Personalidade independente, de reconhecido prestígio internacional, foi convidado por Alberto Martins, presidente do grupo parlamentar do PS, para dar a conhecer a sua perspetiva sobre o tema dos trabalhos "Mais crescimento, Menos Desigualdade"
(Maria João Bourbon/ com Lusa) - "Economista
de exceção", "homem de enorme prestígio" e "um grande, bom
e incrivelmente amável homem". São algumas das caraterísticas do
economista José da Silva Lopes destacadas por várias personalidades, da economia
à política. O economista português partiu, esta quinta-feira, aos 82
anos.
José Silva Lopes partiu aos 82 anos. E, mais uma vez, Portugal perdeu. Foi
esta quinta-feira, depois do falecimento do cineasta Manoel de Oliveira, que
Portugal soube mais esta notícia, desta vez através do Banco de Portugal. Da
economia à política, as reações à morte daquele que já tinha sido Ministro das
Finanças, governandor do Banco de Portugal, administrador do Banco Europeu para
a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), representante de Portugal junto do
Banco Mundial, entre outros cargos, não se fizeram esperar.
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, lamentou a perda de um
"economista de exceção" e de uma "referência cimeira do
pensamento económico português". Sobre ele, escreveu no site da
Presidência da República: "Com a morte de José da Silva Lopes, Portugal
perde uma das suas vozes mais autorizadas, respeitadas e credíveis em matéria
económica, que sempre se distinguiu pela independência e pelo
rigor".
Também o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse ter recebido
"com profunda tristeza" a notícia da morte do economista, que
descreve como "um homem com enorme prestígio na economia e finanças".
"O Dr. Silva Lopes pautou sempre a sua intervenção pela isenção e correção
nas inúmeras atividades profissionais e cívicas a que esteve loigado ao longo
de muitos anos", afirma, numa nota sobre a morte do ex-ministro das
Finanças e antigo governador do Banco de Portugal (1975-1980).
O mesmo sentimento sobre a morte do economista chegou ao Partido
Socialista. O secretário-geral do partido, António Costa, sublinhou igualmente
a "brilhante carreira" ao serviço do desenvolvimento económico
nacional. Em declarações à agência Lusa, realçou que Silva Lopes "serviu o
país de forma dedicada e relevante, quer como membro de vários governos
provisórios e do III Governo Constitucional, quer como governador do Banco de
Portugal".
Silva Lopes (foto de António Pedro Ferreira) |
"José da Silva Lopes RIP"
Na área da economia, onde se destacou, várias vozes se despediram de Silva
Lopes, com uma homenagem. "Conheci Silva Lopes em 1976, quando
integrei um grupo de estudantes do MIT, que passou o verão a trabalhar no Banco
de Portugal, do qual era governador na altura". Foi assim que o economista
norte-americano e prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, recordou o português,
num texto escrito no seu blogue, intitulado "José da Silva Lopes RIP"
(Rest in Peace, "descanse em paz", em português). "Trabalhar com
Silva Lopes foi um dos principais acontecimentos" dessa estadia em
Portugal, sublinhou.
Krugman considera que "o mundo perdeu um grande, bom e incrivelmente
amável homem", recordando-o como "um economista português que
desempenhou um papel crucial na condução do seu país para a comunidade da
Europa democrática".
Cá em Portugal, o presidente e ex-presidente do Instituto Superior de
Economia e Gestão (ISEG), Mário Caldeira e João Duque, respetivamente, dizem
adeus ao economista. "Notável" e "o primeiro portugês doutorado
'honoris causa' pelo ISEG", são as palavras que Mário Caldeira utiliza
para o descrever".
Já João Duque destaca a "elevadíssima honestidade intelectual". E
partilha as lições que com ele aprendeu. "Com ele aprendi que era mais
importante mostrar a nossa capacidade de análise indiviual e o nosso contributo
por pensarmos pelas nossas próprias cabeças (...) do que seguirmos determinadas
linhas de orientação políticas que gostam de se servir dos economistas para
implementar determinados tipos de decisões ou orientações.
Sem comentários:
Enviar um comentário