As
eleições legislativas são a maior prioridade política até outubro de 2015. O
nosso futuro coletivo dependerá das escolhas que o eleitorado vier a fazer. Por
isso, em minha opinião, todas as energias disponíveis do PS devem ir ao
encontro desta dominante.
As
eleições presidenciais serão em 2016, no arranque do ano, e estou certo de que
vão proporcionar um grande debate político, mas com um conteúdo distinto
daquele que as legislativas exigem. Vamos conhecer múltiplos candidatos, talvez
mais à esquerda do que à direita, mas certamente todos eles com virtudes muito
próprias que os eleitores avaliarão com sabedoria.
Em
março de 2011 as oposições, na Assembleia da República, chumbaram em uníssono o
Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) que o Governo PS tinha feito aprovar
em Bruxelas com os votos dos Chefes de Estado e de Governo, da Comissão
Europeia e do Banco Central Europeu.
Entre
nós, a sua ratificação ter-nos ia dado as mesmas oportunidades que foram
oferecidas a Espanha e a Itália e que agarraram com as duas mãos. Aplicaram
inevitáveis medidas de austeridade, é certo, tal como na generalidade da
Europa, mas não tiveram a presença de um corpo estranho chamado Troica.
Reconheço
erros do Governo a que pertenci, tal como as suas virtudes, bem como o
negativismo e responsabilidade das oposições, nomeadamente das que hoje são o
Governo.
Estas
decidiram ao contrário de Portugal e o país está sujeito, até aos dias de hoje,
a um programa de assistência financeira excessivamente penalizador que se
projetou com inusitada violência sobre as pessoas, as famílias e as empresas. Depois
de quatro anos, a fúria austeritária da direita deu origem a menos
oportunidades, mais desigualdades, menos emprego e uma dívida que aumentou
quase 40 pp, atingindo os 130%.
Ao
mesmo tempo, e de uma forma marcadamente ideológica, o Governo alienou quase
todos os ativos estratégicos relevantes preparando-se agora, em fim de mandato,
para, por exemplo, vender a TAP ou preparar a privatização das águas.
As
propostas alternativas do PS, desde finais de 2011, passavam por uma
intervenção mais forte do BCE, juros mais baixos e mais tempo, de modo a poder
apoiar as empresas e a internacionalização da economia. Desde a linha de
financiamento BEI até à conta corrente fiscal com as empresas, passando pela
redução do IVA, tudo foi rejeitado por este Governo, mas agora todos
compreendem que a intervenção do BCE, ainda que tardia, permitiu juros mais
baixos e um melhor acesso aos mercados.
Esta
oportunidade não tem sido usada pelo Governo com pragmatismo e o excesso de
liquidez que permite à ministra das Finanças a falácia de anunciar os “cofres
cheios” resulta de novos empréstimos e não de ganhos de produtividade.
Substituiu-se
um empréstimo por outro empréstimo, pagou-se uma dívida ao FMI contraindo outra
dívida no mercado, a juros mais baixos, mas para dinheiro que não utilizamos e
com juros temos de pagar.
É
como quem quer comprar um carro e pede o dinheiro três anos antes, pagando
juros por um automóvel que não tem. Por isso, hoje, não há investimento e o
nosso endividamento, como referi, subiu para 130% do PIB.
Insisto,
pois, na inelutável importância destas eleições, das propostas e debate que a
todos obriga. Não confundamos as prioridades.
Dv
2015.04.08
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