Esta semana, num artigo do Público, fez-se a
análise da decisão do Governo em construir de raiz uma ligação ferroviária
entre Aveiro e Vilar Formoso com estação em Viseu. Corresponde a um
entendimento tardio dos autarcas PSD das sedes dos distritos da Guarda,
Viseu e Aveiro.
Tardio, porque já há quatro anos o anterior
governo assumira essa decisão e mandara fazer estudos para a primeira fase, a do
corredor prioritário “Aveiro, Viseu e Celorico”. Portanto, nada de novo a não
ser a inação da maioria PSD/CDS.
Refere o artigo que “O Governo candidatou esta linha ao
mecanismo Connecting Europe Facility (CEF) e ao fundo de coesão, mas o PÚBLICO
apurou que dificilmente a sua construção poderá avançar antes de 2020, quando
termina o actual quadro comunitário de apoio. É que a linha de alta velocidade
Aveiro – Salamanca, que foi anunciada na cimeira ibérica da Figueira da Foz em
2003, pouco avançou no papel (…)” porque
esta maioria congelou tudo, como é público.
Por outro lado,
ao contrário do que sempre defendi veementemente, a linha da Beira Alta caiu no
esquecimento e há um investimento habilitante que tem de ser feito,
independentemente de outras decisões.
Há pelo menos
três grandes constrangimentos que impõem velocidades de 10 kms/hora, para além
de uma ausência de estratégia para um excessivo número de paragens. Em algumas,
por vezes, não entra nem sai ninguém. Fala a experiência. O comboio pára como
se de um ritual se tratasse. Por exemplo, entre Mangualde e Sta Apolónia são
16. Assim não há horário que resista, nem competitividade que se alcance.
Acresce ainda,
lembra-se no mesmo artigo, que “ (…) a
própria modernização da linha da Beira Alta que ocorreu nos anos 80 já tinha
como premissa que por ela circulariam diariamente dezenas de comboios de
mercadorias, o que nunca veio a verificar-se. A quota de mercado do modo
ferroviário no transporte de mercadorias entre Portugal e Espanha é de apenas
4%. O resto é transportado por camião”.
Percebe-se também que esta “música” do corredor
ferroviário terá de ser tocada a dois e, por isso, é fundamental “(…) recordar a cimeira da Figueira da Foz de 2003: além de um TGV
Aveiro-Salamanca ficou acordado que nuestros hermanos electrificariam a linha
convencional até Vilar Formoso. Mas, 12 anos depois, continua tudo na mesma.
Todos os dias os comboios chegam à fronteira rebocados por uma locomotiva
eléctrica portuguesa que é substituída por uma máquina a diesel espanhola a fim
de poder prosseguir viagem em Espanha.”
Em conclusão, o Governo, como tantas vezes escrevi e afirmei
publicamente, andou a ganhar tempo para justificar a ausência de qualquer obra,
tudo com a cumplicidade dos autarcas do PSD. Em ano eleitoral temos mais um
clássico: prometer em quatro meses o que não se quis fazer em quatro anos. O
comboio descarrilou novamente!
DV 2015.03.1
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