A disputa política quando perde o sentido
transforma-se numa inutilidade. Nuno Crato é o exemplo vivo disso mesmo.
Acossado pela polémica gerada por uma dita “Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades”, aplicada aos
professores com menos de cinco anos de docência, perdeu aquilo que o povo chama
de “norte”.
Os
recuos começaram logo no próprio universo de professores a envolver.
Inicialmente era bem maior. Ficou reduzido ao que conhecemos. E a legalidade da
prova, pelos objetivos a que se propunha, era mais do que dúbia.
Foi
nesse sentido que se pronunciou o
Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra, através de acórdão que desnuda a
contradição do governo, porque ao mesmo tempo que reconhece competência às
instituições de ensino superior para a formação científica e didática dos
professores, põe em causa a avaliação que as mesmas fizeram aos seus alunos
durante anos. E concluiu, o acórdão, pela nulidade de todos os atos decorrentes
do diploma (i)legal do ministro.
Nuno Crato, o primeiro responsável pelo início do
ano letivo mais desorganizado de que há memória, não tem emenda. Nem o
financiamento devido às escolas foi capaz de concretizar, colocando professores
sem receber salários (alguns há mais de três meses), e tentando desculpar-se
com o Tribunal de Contas cujo presidente veio, de imediato, desmenti-lo
publicamente, afirmando que, para o efeito, não tinha pendente no seu gabinete
qualquer pedido de visto do senhor ministro da Educação.
Foi muito fácil criticar os seus antecessores, mas
tem sido bem difícil fazer melhor. O ministro de “falas mansas” ficará
conhecido como um dos maiores erros de “casting” de Passos Coelho.
Com se tudo isto, só por si, não bastasse, Nuno
Crato referiu-se aos professores em jeito de enxovalho, acusando-os com a tal
hipérbole de “20 erros por frase”. Deixo-lhe a sugestão de não generalizar, de
não confundir a árvore com a floresta, e, ao mesmo tempo, lembro-lhe uma
notícia recente bem mais interessante para a educação em Portugal:
“O programa "Professores Inovadores "elegeu onze professores portugueses entre 800, em todo o mundo, que foram considerados
"campeões da integração de tecnologia na sala de aula", segundo Vânia
Neto, do departamento da Educação da Microsoft, reconhecendo o esforço dos
docentes para fazer a diferença no método de ensino.
E, continuando, “Paralelamente à distinção dos professores, a
Microsoft também elege as escolas mais inovadoras. O Colégio Monte Flor, em
Carnaxide, e o Agrupamento de Escolas de Freixo, em Ponte de Lima, são as
representantes portuguesas na lista.”Podia ao menos, o
ministro, dar “uma no Crato outra na ferradura”, mas nem isso!
DV 2015.02.04
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