Esta
semana começou com notícias sobre os concursos que o governo tem vindo a
lançar
para provimento dos lugares de diretores distritais da Segurança Social, em
todo o país.
A
TSF dedicou ao assunto, na terça-feira, o seu fórum. O início, longo, muito
longo, foi preenchido pelo Prf. João Bilhim, responsável da CRESAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública).
Procurou, de modo redondo, explicar o inexplicável: nomeações
políticas, apesar dos concursos públicos para as evitar. Lá foi dizendo que a
culpa não era dele, limitava-se a aplicar a lei e até ficava “triste” por
constatar que os seus esforços não resolveram o problema. É uma pena. Como eu
percebo bem a sua desilusão!
O que me parece espantoso é que só agora a comunicação social
nacional dê como “novidade” a existência destes concursos “faz-de-conta”. Em
finais de outro de 2014 escrevi um artigo sobre a matéria. Recordo,
rapidamente, o processo.
A CRESAP é o instrumento que o governo utiliza para fingir
que agora há concursos para os lugares da administração e que o único critério
é o do mérito.
Então como funciona o esquema? O júri escolhe de entre todos
os candidatos os três que têm mais preparação. Depois pára a 100 metros da meta
e o membro do governo, neste caso Pedro Mota Soares, escolhe quem entende. Os
de olhos azuis serão do CDS e os de olhos laranja serão do PSD.
Assim se compreende que as nomeações já concluídas em 14
centros distritais sejam de pessoas do CDS ou do PSD como a comunicação social
agora “descobriu”.
O exemplo de Viseu é paradigmático e transcrevo: “Entre nós, talvez o caso mais emblemático, tivesse sido o
paradoxo na “nomeação” - por “escolha” - do diretor do Centro Regional de
Segurança Social.Como na altura escrevi, o atual titular, ex-presidente da
câmara de Vouzela, foi nomeado interinamente alguns dias antes de terminar o
concurso para o cargo que agora ocupa.
Depois, através de regra definida pelo
Governo, um júri fez uma seleção, não do melhor, mas dos três que teoricamente
poderiam estar nessa condição. O membro do Governo, agora, substitui-se ao
júri, e “escolhe” não o resultado de uma “prova cega”, mas o que politicamente
lhe convém. Tudo para poder gritar o slogan “Vivam os concursos, acabaram as
nomeações”
Ainda
me lembro de Pedro Mota Soares na AR, como deputado, apresentar um “slide” com
os nomes e fotografias dos indigitados no tempo do PS, afirmando-se “chocado”
com as nomeações políticas. Talvez esteja arrependido, porque naquele tempo
assumia-se a confiança política e agora fazem-se concursos falaciosos para
obter um efeito perverso. E como a longevidade nos cargos é de 5 anos as
nomeações, com este timing, são a cereja no cimo do bolo.
Assim
se compreende que na Segurança Social as 14 nomeações distritais já estejam
distribuídas pelo PSD e o CDS. Viseu não fugiu à regra. E o PSD acha que
escolheu o melhor!
DV 2015.02.10
Sem comentários:
Enviar um comentário