"BES: Banqueiros debaixo de fogo foram
principais financiadores de campanha de Cavaco
Banqueiros e administradores do BES e GES foram dos principais doadores
da campanha de Cavaco Silva em 2011. Empresário José Guilherme e família
deram 100 mil euros. Todos os nomes, aqui.
A campanha para a reeleição de Aníbal Cavaco Silva, em 2011, contou com
donativos de vários banqueiros, entre os quais, alguns responsáveis
pelo BES que agora estão a ser investigados pela gestão do banco. No
total, banqueiros ou administradores do Grupo Espírito Santo deram à
campanha de Cavaco 253.360 mil euros. E todos deram o máximo
permitido por lei: 25.560 euros.
O próprio Ricardo Salgado é dos primeiros nomes (de
acordo com o registo interno) a aparecer no processo sobre as eleições
presidenciais de 2011 consultado pelo Observador no Tribunal Constitucional,
que ficaram hoje disponíveis. Ofereceu para a reeleição de Cavaco Silva o
máximo permitido por lei: 25.560 euros. Mas não foi o único.
Amílcar Morais Pires, membro da comissão executiva do BES,
também contribuiu. É o homem que Ricardo Salgado sugeriu ao Banco de
Portugal para que o substituísse como principal responsável do banco, mas o
seu nome acabou por ser chumbado pelo governador do Banco de Portugal. Tal
como Joaquim Goes, outro membro da comissão executiva
do BES e um dos nomes que chegou a ser falado como sucessor de Salgado.
Chegou a transitar para o Novo Banco.
Neste grupo de doadores, encontra-se o comandante António Roquette
Ricciardi, pai de José Maria Ricciardi, que até julho
foi administrador da Espírito Santo Financial Group, e José
Manuel Espírito Santo, vice-presidente da Espírito Santo
Financial Group. E ainda Pedro Queiroz Pereira, presidente da
Semapa e ex-acionista de referência do BES.
O presidente da KPMG Portugal, que fez uma auditoria externa ao BES,
também consta no processo. Sikander Sattar deu 5 mil euros.
Em 2006, na campanha que elegeu pela primeira vez Cavaco Silva como
Presidente da República, a família ligada ao Grupo Espírito Santo já tinha
sido uma das principais financiadoras. Familiares de Ricardo Salgado
entregaram nessa altura 152 mil euros, segundo o DN.
Na campanha de 2011, Cavaco Silva recebeu 179 donativos, grande parte
deles de elevado montante que perfizeram um total de um milhão e meio de
euros (1.497.128 euros).
Família de José Guilherme dá 100 mil
Mas na lista de donativos há uma família cuja história se cruza também
com o BES: Guilherme. O empresário que deu uma prenda a Ricardo Salgado de 14
milhões de euros que está a ser investigada pela justiça deu à campanha
de Cavaco em 2011 25 mil euros. Mas não foi o único da família a
fazê-lo. A mulher,Beatriz da Conceição Veríssimo deu o mesmo
contributo de 25 mil euros, o filho Paulo Jorge Veríssimo
Guilherme também e Ilda Maria Veríssimo Guilherme Silva
Alberto, uma familiar que é gestora da empresa de José Guilherme doou
também 25 mil euros.
Só com a família do empresário José Guilherme, a campanha de Cavaco Silva
contou com 100 mil euros. Esta família, aliás, já tinha feito donativos
na primeira campanha presidencial de Cavaco, em 2006. Nessa altura, porém,
deu menos dinheiro. José Guilherme ofereceu 20 mil euros, o filho doou 15.000
euros e a mulher 20 mil euros.
O Observador consultou os processos dos restantes candidatos
presidenciais, Manuel Alegre, Fernando Nobre e Francisco Lopes, e nestas
candidaturas não houve donativos destes responsáveis.
Manuel Alegre, que terminou a campanha com uma dívida de quase meio
milhão de euros recebeu mais donativos (249), mas de menor montante,
perfazendo um total de 159 mil euros.
Fernando Nobre, que concorreu sem o apoio de partidos, conseguiu
arrecadar mais donativos que Manuel Alegre e num valor superior ao do
candidato apoiado pelo PS: 728 donativos no valor de 211.843 euros.
Já o candidato apoiado pelo PCP, Francisco Lopes, não registou
donativos.
O Observador contactou a Presidência da República, que recusou comentar a
prestação de contas das eleições presidenciais."
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Observador: Campanha de Cavaco financiada por Banqueiros e administradores do BES e GES
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