O orçamento municipal para 2015 está aprovado, mas na
reunião magna da assembleia municipal o que sobressaiu para a opinião pública
foi a querela política à volta do direito regimental de defesa da honra entre o
CDS e o PSD ou seja entre o vereador Hélder Amaral e o presidente Almeida
Henriques.
Não é novo em política. É pura técnica parlamentar. O
objetivo é o de provocar o adversário, perturbar-lhe o raciocínio, arrastá-lo
para uma questão adjetiva e passar ao lado da substancia da “coisa”. Foi bom
para Almeida Henriques? E para Hélder Amaral, foi bom? Não sei, mas para a
discussão concreta do futuro do concelho tenho a certeza de que as coisas não
correram bem.
O debate nesse mesmo dia, na Assembleia da República,
do ministro da Defesa sobre o orçamento para 2015 impediu que pudesse assistir
à nossa assembleia municipal, como sempre gosto de fazer. Li posteriormente,
durante a semana, a imprensa regional e nacional e, tal como qualquer outro
cidadão, o que retive daquela sessão em que se debateu e aprovou o orçamento
municipal foi a altercação entre os dois autarcas.
Posto isto, fui ver as intervenções do PS, dos seus
deputados municipais, e verifiquei que o teor das mesmas não teve o relevo
merecido na comunicação social e as matérias abordadas, essas sim, são
decisivas para a vida do município.
A classificação do centro histórico como Monumento
Nacional, como fase prévia para a candidatura a Património Mundial da Unesco, a
falta de coragem para a mudança em matéria fiscal, nomeadamente na derrama e
IRS, ou o Centro oncológico que nunca mais vê a luz do dia e o atraso na
abertura das UCC foram assuntos devidamente tratados pelos deputados municipais
do PS.
E não foi apenas isto. A estratégia multimodal
rodoferroviária, o inconclusivo negócio da Gestin Viseu, passando pela denúncia
das insuficiências graves do orçamento, a ausência de uma estratégia para o crescimento
e emprego, e o porquê de um voto contra, até à defesa dos trabalhadores
despedidos do centro distrital da Segurança Social, constituíram prioridade no
discurso do PS.
Os viseenses nem dão conta de que as supostas
“novidades” que hoje lhes são apresentadas como tal pela máquina publicitária
da autarquia correspondem a rejeições sistemáticas às propostas que o PS sempre
fez ao longo dos anos, sempre com o silêncio cúmplice do presidente da
assembleia municipal, hoje presidente da câmara.
Em muitos domínios, tal como no da industrialização,
do crescimento e do emprego, no da solidariedade social, na inovação
tecnológica ou no ambiente, o futuro já deveria ter acontecido há muitos anos.
A Etar Sul, por exemplo, tão publicitada agora e lançada por Fernando Ruas, vem
com 24 anos de atraso. Quem não se lembra das soluções alternativas aos
problemas ambientais e às insuficiências sentidas em S. Salvador?
Quem não se
lembra de um PDM aprovado em véspera de eleições e com uma inoperância de 18
anos? Se calhar quase ninguém. O desafio está em prestar melhor atenção às
coisas essenciais. Apesar das muitas festas, e ainda que não pareça, o
orçamento 2015 já existe e vai ser retificado!
DV
2014.11.19
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