Uma pesquisa no Sistema de Informação para o Património
Arquitetónico (SIPA) e no sistema Ulisses da Direção Geral do Património
Cultural revela que as classificações, proteções, condicionantes e valorizações
de imóveis em muitos dos concelhos da CIM Viseu Dão Lafões são tendencialmente
em menor número face a concelhos de características similares, o que é
particularmente notório no concelho de Viseu.
Este facto é estranho dado o vasto património histórico,
cultural e popular/tradicional de Viseu e dos concelhos adjacentes.
Para a valorização deste território e dos seus bens
patrimoniais, seria útil que as autarquias locais, incluindo as juntas de
freguesia, em concertação com proprietários, mecenas, participação pública e
governo central, criassem condições para a atualização e (re)classificação de
sítios, monumentos e conjuntos arquitetónicos da região em bens imóveis de
interesse municipal, interesse público, interesse nacional (vulgo monumentos
nacionais) ou em outras categorias.
Como passo intermédio para a candidatura do Centro Histórico
de Viseu (CHV) a Património Mundial da UNESCO (ensejo público a longo prazo do
atual executivo municipal), a sua classificação a breve prazo como Monumento
Nacional seria muito oportuna, obrigando desde já a uma série de restrições
positivas para a sua proteção.
Nos próximo anos, o CHV vai ser sujeito a diversas
intervenções urbanas nos edifícios e espaços públicos, enquadradas na
estratégia para a sua revitalização. Será fundamental que impulsos de
especulação imobiliária (a que a Câmara Municipal de Viseu e a Sociedade de
Reabilitação Urbana estarão certamente atentas) ou “descuidos” arquitetónicos
não desvirtuem a sua valia patrimonial.
Por outro lado, lançar já este procedimento administrativo
para a “classificação nacional” do CHV, com a recolha e sistematização de
informação inerente, irá instruir, alicerçar e dar mais propriedade à futura
candidatura a Património Mundial, fazendo com que as movimentações urbanísticas
que se advinham sejam já enformadas do espírito e padrões internacionais de
perseveração patrimonial.
Existe o bom exemplo do Centro Histórico de Guimarães. A sua
reabilitação, impulsionada pelo Arquiteto Fernando Távora, culminou na sua
classificação como Património Mundial. Foi um projeto concretizado de forma gradativa,
ao longo de muitos anos, num trabalho de proximidade com os habitantes e as
atividades económicas tradicionais, exigente quanto à qualidade da preservação
e com uma instrução administrativa do processo de candidatura irrepreensível.
Não menos importante neste contexto de classificação do
património histórico-cultural do CHV, é a valorização do Museu Grão Vasco — uma
das suas principais âncoras — pela sua elevação a Museu Nacional, para a qual
todos os agentes locais-regionais responsáveis se devem empenhar.
É o futuro do território de Viseu que está em causa, deve
ser pensado estruturadamente no seu todo, com todos e sem grandes preocupações
imediatistas. ( Pedro Baila Antunes)
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