Para a Saúde, em Viseu, um Plano de Cuidados Intensivos?!
Tendo
decorrido cerca de um ano de mandato, senhor Presidente, permita-me afirmar-lhe
que o ano corrente não tem sido bom para aquilo a que se convencionou chamar a
saúde e a qualidade de vida dos viseenses. Apesar de ser consensual, por parte
de todas e de todos os deputados presentes nesta Assembleia, a vontade de
transportarmos a bandeira e a ambição de “Viseu
Melhor Cidade para Viver”, continuam a verificar-se um conjunto de lacunas
e de problemas no campo da saúde, que têm de ser obrigatoriamente evocadas e
trazidas para a agenda política desta Assembleia. Lacunas e problemas que não
podem ficar condenados ao esquecimento sob pena de a política local não cumprir
a sua missão essencial que é a de ir ao encontro das necessidades reais das
suas gentes na procura das melhores soluções para os seus problemas.
Fazendo
recurso à nossa memória, todas e todos já escutámos aqui nesta AM ser
considerado vantajoso o encerramento de serviços num conjunto de concelhos
limítrofes, com o argumento de que as perdas nesses concelhos se traduziam em
benefícios acrescidos para Viseu.
Pois
bem, agora também numa lógica de balanço, que palavra terão os mesmos a dizer
sobre o facto de um conjunto de serviços e de respostas no campo dos cuidados
de saúde, em funcionamento num conjunto de concelhos vizinhos e noutros
distritos, se constituírem como alvo de procura pelo facto dos mesmos
continuarem a ser inexistentes no nosso concelho de Viseu (apesar de sermos
sede de distrito!)? Por outras palavras, que balanço se impõe fazer perante o
facto dos utentes do concelho de Viseu, na situação de doente ou de familiar
cuidador, se verem obrigados a recorrer aos concelhos vizinhos ou a outros
distritos para poderem usufruir dos cuidados de saúde, de média ou de longa
duração, de que necessitam?!
Para
eles, é o tempo de vida, o combate pela vida.
Para
esta Autarquia, enquanto poder Local, deverá impor-se o tempo da urgência.
O
tempo da urgência para a CRIAÇÃO DE UM CENTRO ONCOLÓGICO. O tempo da urgência
capaz de assegurar o direito de acesso dos nossos doentes oncológicos e seus
cuidadores aos cuidados de Radioterapia (das regiões dos distritos de Viseu e
Guarda). O tempo da urgência traduzido numa resposta de maior proximidade, na
redução ou na extinção das penosas e prolongadas deslocações para os IPO’s e ou
Serviços Oncológicos do Porto, de Coimbra e, nalguns casos, de Lisboa.
Mais ainda! O
tempo da urgência capaz assegurar a continuidade de cuidados de forma
integrada, sobretudo aos nossos idosos em situação de dependência e com perda
de autonomia.
Sabemos que a
nível nacional somos um país que se vê confrontado com o envelhecimento da sua
população, onde a esperança de vida se situa nos 76,7 anos para os homens e
82,6 anos para as mulheres (dados de 2011). E, pese embora o concelho de Viseu
seja aquele que apresenta o menor índice de envelhecimento (119,2) e de idosos
(27,5) e de dependência total (50,5), também não foge ao envelhecimento
demográfico progressivo e à prevalência de doenças crónicas. E, nós, Grupo
Municipal do Partido Socialista, entendemos que nada deverá justificar que este
grupo doentes e, em particular, a nossa população viseense idosa, em
convalescença e com necessidade de uma resposta de internamento temporário e de
cuidados de média e/ de longa duração, se veja confrontada no momento da alta
clínica hospitalar com a inexistência de uma Unidade de Cuidados Continuados
neste concelho.
Senhor
Presidente, senhoras e senhores Vereadores, Senhoras e senhores Deputados, se
há matérias em que não nos podemos calar e que se impõe reagir e agir com
veemência são estas que hoje vos trago. Estas, que, não sendo asseguradas,
continuarão a aumentar o fosso entre ricos e pobres, continuarão a acentuar a
exclusão social, continuarão a interferir nos cuidados e na saúde dos Viseenses
e continuarão a comprometer a coesão social.
Viseu não será melhor cidade para Viver
se continuar a impor que os seus concidadãos com problemas oncológicos se
desloquem para Coimbra. Viseu não será a melhor cidade para viver se continuar
a exigir que os seus idosos e doentes com necessidade de cuidados de média e de
longa duração, recorram a Unidades de Cuidados Continuados fora do concelho de
Viseu.
Permitam
que vos diga o seguinte: Sei do que falo. Conheço a excelência de algumas,
fundamentalmente da qualidade do serviço que prestam. Mas conheço também as
implicações, os gastos provenientes das distâncias, a impossibilidade de
acompanhamentos de proximidade por parte dos familiares cuidadores. A sua
inexistência prejudica um grupo de doentes e dentro deste grupo, coloca ainda
em maior desvantagem os mais pobres, os mais carenciados, os mais idosos, os
mais incapacitados, os mais doentes, os mais desprotegidos.
Senhor Presidente, como o tempo é
urgência, coloco-lhe, pois, estas duas questões:
Quando é que os viseenses poderão ver
aprovado o Centro Oncológico no Centro Hospitalar Tondela Viseu?
Conhecidas as diligências que têm sido
feitas, quando é que os Viseenses poderão fazer a sua convalescença no seu
concelho com recurso a uma Unidade Cuidados Continuados Integrados? Fica este apelo: que a Saúde em Viseu
seja sujeita a um Plano de Cuidados Intensivos!!!
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