sexta-feira, 24 de outubro de 2014

(Opinião) Nem todas “As sementes estão lançadas à terra”

Foi assim que o atual presidente da câmara terminou a entrevista a um jornal diário. “Quando chegámos à autarquia tínhamos mais de 5000 processos pendentes e já desbloqueámos 40% neste primeiro ano.” É verdade que assim tem sido, mas só o PS, durante estes anos, deu voz crítica aos excessos burocráticos da autarquia. Tínhamos e temos legitimidade moral e autoridade política para sublinhar a diferença entre a voz e o silêncio.
E não é menos verdade que a má relação com os municípios vizinhos também melhorou, nada que não tivéssemos denunciado e que a atual maioria sempre consentiu. O dr. Almeida Henriques pode ser agora oposição ao dr. Fernando Ruas, mas o PS sempre a exerceu de forma pública, no tempo próprio e com frontalidade. O nosso adversário político não é, pois, quem não está, mas quem agora lhe sucedeu.
Ao fim de um ano, não só lançámos o debate como temos uma estratégia para o centro histórico”, diz o presidente. Pois, ao fim de um ano, mas o PS fê-lo ao longo de duas décadas, com debates públicos, propostas concretas e programa próprio. Mais uma vez, não fizemos nenhuma aliança com o silêncio. Os viseenses fizeram escolhas que respeitamos, mas é bem verdade que podiam ter há muito o que hoje sentem como novidade.
As propostas feitas, já como vereadores, para, entre outras, candidatar Viseu à Rede Europeia das Cidades Amigas das Pessoas Idosas, criar o Gabinete de Apoio ao Agricultor, promover a alteração, via governo, dos coeficientes de localização, com efeitos diretos no IMI, avançar com programas para as férias de crianças de famílias totalmente desfavorecidas, enfrentar os problemas da Igualdade, celebrar o Dia Municipal da Igualdade, modificar o regulamento para a recuperação de fachadas de edifícios ou as propostas para o centro histórico durante o debate público, até hoje, não tiveram aprovação. Não por discordância, mas apenas porque a maioria PSD não teve a sua autoria.
Reconhecendo que a relação com a oposição é distendida, que, em regra, os seus direitos são respeitados, é bem verdade que ouvir e incluir as suas propostas na agenda municipal traria sempre valor acrescentado para o futuro e para a qualidade da democracia.
Não querendo, nem podendo, ser exaustivo registo a preocupação do presidente ao afirmar que “não temos (câmara) feito propaganda”. Pois não, como se verá pela chegada do comboio, pela ligação Viseu-Coimbra ou pelas carreiras aéreas regulares entre Bragança, Vila Real, Viseu, Lisboa e o Algarve. Infelizmente, nem todas “As sementes estão lançadas à terra”
DV 2014-10-22

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