Nesta
sexta-feira terá passado um mês sobre o início de um ano letivo que o não foi
para todos. Hoje milhares de alunos, famílias e muitos professores vivem numa
inaceitável instabilidade. A confusão no ministério da Educação é pública e
enorme. É “lamentável”, segundo a expressão do próprio Nuno Crato.
Depois
do seu pedido de desculpas na Assembleia da República, houve quem tivesse
pensado, tal como eu, que as causas do problema tinham sido reconhecidas e solucionadas.
Puro engano!
Demitiu-se
ou foi demitido um diretor geral, pessoa a quem se poderia chamar, bem ao gosto
popular, de “mexilhão”, mas para além da vítima não foi eliminado o essencial:
a causa.
Ora,
como se sabe, o ministro da Educação e toda a sua equipa de secretários de
estado são os primeiros responsáveis pelos bons e maus resultados da
governação. Falou-se muito no ministro, cedo e bem, mas só agora, tarde e mal,
se fala no secretário de estado do Ensino e da Administração Escolar. E este é
a causa próxima, mantendo-se o ministro como responsável máximo.
E não seria necessário nenhuma investigação especial para
chegar a esta conclusão. Para além do que já assistimos publicamente, o deputado
Hugo Soares, do PSD, não se fez rogado e exigiu explicações ao secretário de
estado da Administração Escolar, João Casanova, do CDS.
O "fait-divers" serviu apenas para avisar o
parceiro de coligação de que era necessário cerrar fileiras, porque o problema
não era só do ministro, nem do PSD, tributando mesmo ao CDS a categoria de
protagonista ou seja, a de “causa”.
Enquanto o jogo político interno na coligação continua, o
problema público na Educação mantém-se. Professores contratados e colocados nas
escolas foram surpreendidos por uma rescisão unilateral promovida pelo governo.
Ficaram, assim, de um dia para o outro, sem escola, sem salário, sem
alunos e estes sem professores.
Os titulares do ministério, antes de qualquer explicação ou
novo pedido de desculpas, determinaram de imediato que o despedimento fosse
assumido pelos diretores das escolas. Pois claro! A matéria vai direta para
tribunal e os governantes trataram do "plano de fuga" e arranjaram
outro "mexilhão": o "diretor de escola".
Quanto à reparação dos prejuízos morais e materiais dos
professores o ministério, novamente célere, recomendou-lhes o caminho da
Justiça de Paula Teixeira da Cruz, para “Citius” incerto,
portanto!
Exigiria
a decência que o governo, tendo já confessado “mea culpa”, pela situação que
qualificou de “lamentável”, tivesse encontrado uma solução honesta que poderia
ser a de, por exemplo, uma comissão arbitral que avaliasse e quantificasse os
prejuízos dos professores.
Não
foi por aí, pelo contrário, envia conscientemente, com má-fé”, os docentes para
uma querela jurídica, superior a três anos. A atitude fala por si. No governo,
tudo na mesma e na Educação tudo ao contrário!
DV
2014-10-08
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