Quando
João Cravinho assumiu a pasta das Obras Públicas, em 1995, encontrou vários
projetos em curso. Teve oportunidade de inaugurar alguns. O comboio na Ponte 25
de Abril foi um deles.
Estive,
como deputado e membro da Comissão de Obras Públicas, presente nessa cerimónia
de inauguração. Na mesa, ao lado de João Cravinho, expressamente convidado para
o efeito, estava Ferreira do Amaral, seu antecessor, ex-ministro de Cavaco
Silva. Tinha sido ele o principal responsável desse projeto estruturante que
pertencia ao país e envolvera dois governos de sinal diferente.
O
gesto foi pedagógico e um exemplo de como a ética pode enriquecer a política e
aproximar as pessoas. Sei que a grandeza de espírito não está ao alcance de
todos. Cada vez menos. Infelizmente isso nota-se cada vez mais.
Numa
sociedade culturalmente evoluída ninguém se valoriza a si próprio desmerecendo
ou esquecendo o trabalho de terceiros, sobretudo quando o seu contributo foi
decisivo para a concretização da obra comum.
Vem
este contexto a propósito da inauguração da Quinta da Cruz, projeto iniciado há
oito anos, que não há dez meses, por Fernando Ruas e a sua equipa.
Quando
na última segunda-feira participei na aludida inauguração não ouvi ao atual
presidente da câmara, em nenhum momento, uma palavra que fosse de valorização
ou reconhecimento do seu antecessor, quer pela obra, quer pelo protocolo feito
com Serralves.
Não
fora já por si suficiente a singularidade do ato, que só deslustra o seu responsável,
ainda foi necessário o edil somar àquele momento infeliz, um remoque aos
vereadores do PS presentes, os três, com base num episódio que lhes é
totalmente estranho, uma falsidade.
Alguém,
que não um vereador do PS, pelo menos nesta vereação, terá criticado ou manifestado
dúvidas sobre o processo da Quinta da Cruz. E se o tivesse feito? Isso é normal
em democracia. Esclarecer também.
O
que já não é normal é escolher um ato público, para chamar a si, no silêncio da
memória, o cumprimento de uma promessa e obra de terceiros ou fazer acusações
infundadas que, por educação devida ao momento e aos convidados, não poderiam
ser rebatidas pelos visados.
Esta
foi uma atitude que se aconselha a não repetir. Não que coloque em causa o
sentido construtivo do exercício de oposição, mas porque, insistimos em querer
preservar um ambiente de trabalho que seja parte da solução e não do problema.
Portanto,
independentemente do trabalho meritório feito na Quinta da Cruz nestes dez
meses, fica assinalado o impulso vital de Fernando Ruas durante oito anos. O
seu a seu dono!
DV
2014-08-06
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