sexta-feira, 4 de julho de 2014

(Opinião) "… A ver passar o comboio"

 O eixo “laranja”, Aveiro, Viseu, Guarda, Vilar Formoso, volta a falar sobre o comboio de prestações elevadas. Os três presidentes de câmara voltam à ideia inicial de um corredor ferroviário, novo. Almeida Henriques diz mesmo ”A modernização da linha não serve. Só a construção de raiz responde aos desafios”.
Muito bem, bem-vindos ao clube. Mais vale tarde do que nunca. Essa é a tese que defendo desde sempre, bem como a prioridade na construção. Rui Moreira, o presidente da câmara do Porto, também defende esta tese, mas não é desde o ano passado. É desde sempre, também. O publicitado encontro com edil de Viseu só foi novidade para o próprio.
O autarca de Viseu esteve em silêncio durante anos e só na campanha eleitoral e agora, depois de eleito, falou no assunto, mas de modos diferentes. Com esta afirmação, solta, ninguém percebe o que pretende afinal. Novo corredor, modernização da linha da Beira Alta, cruzamento das duas soluções, o que defende afinal?
Os três autarcas fizeram um número. Dá para a população, para as reuniões de câmara e moções nas assembleias municipais. A imprensa agradece. O raio do comboio é que não aparece. É só isso: não aparece, nem o governo dá notícias.
De facto, a ligação Aveiro, Leixões e Viana é estratégica e a solução multimodal, portos, aeroporto, ferrovia e rodovia é o cerne da competitividade que queremos para o tecido económico e social de uma vasta região.
O conceito de “porto seco”, entre Mangualde e Viseu, foi a primeira proposta que avancei há catorze anos, enquanto governante, e que incluía este equipamento na rede logística nacional, multimodal. Tudo isto, à época, mereceu da autarquia de Viseu um sorriso, ignorante, e alguns remoques, tal como outros fizeram com as “autoestradas marítimas” ou a “Agência Europeia de Segurança Marítima” que conseguimos para Portugal.
Publicidade e realidade não são bem a mesma coisa. Conhecimento e desconhecimento também não. A vida pública em Viseu sempre se alimentou de foguetes e de um clubismo que tolda a racionalidade. E isso fez com que perdêssemos muitas oportunidades. A industrialização no concelho é mais um facto objetivo.
É preciso falar claro. Os vereadores do PS acompanham com interesse todas as iniciativas, venham de onde vierem. É, por isso, um erro não existir reciprocidade. Chumbar liminarmente todas as propostas ou ignorar todas as sugestões e contributos não é solução. Assim ficaremos apenas a ver passar o comboio.

DV 2014-07-02

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