quinta-feira, 24 de julho de 2014

Em nome do petróleo - CPLP - a adesão da Guiné Equatorial

Uma vergonha - Guiné Equatorial - a adesão deste país à CPLP é um desastre moral e político, quer para a própria, quer para Portugal e o governo português. Ausência de direitos humanos, de democracia e da língua portuguesa significa que a decência foi trocada por petróleo. Primeiro o dinheiro, depois as pessoas e os princípios.
O Presidente da República voltou a claudicar no seu desempenho, para já não
falar do governo e do seu  primeiro-ministro. Uma vergonha que se explica por esta tirada de Martins da Cruz, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do PSD e da direita portuguesa:
"Os países da CPLP, incluindo a Guiné Equatorial, produzem neste momento 7% do petróleo e do gás que se produz no mundo. Daqui a 20 anos, provavelmente a produção de petróleo e gás da CPLP, incluindo a Guiné Equatorial, atingirá os 20% da produção mundial, tanto quanto produz agora o Médio Oriente". "Voilá..."

Não consegue encontrar a Guiné Equatorial num mapa? Não se preocupe. Primeiro: não deve ser o único. Segundo: não é fácil. Localizado no Golfo da Guiné, o país divide-se em quatro: uma zona continental (onde está a ser construída uma nova sede de governo, Malabo II) e as ilhas de Bioko (onde fica a capital, Malabo), Annobón (que é separada da principal por São Tomé e Príncipe) e Corisco. Para todos os efeitos, é um pequeno país: tem 28 mil km quadrados e cerca de 700 mil habitantes. Portugal tem 92 mil km quadrados e 10 milhões de pessoas. 
Mas é também um gigante económico: em 2013 teve um Produto Interno Bruto per capita de 18.800 euros (o português foi de 16.800 euros), o mais alto do continente africano. Estes valores devem-se à produção de cerca de 318 mil barris de petróleo por dia, que fazem da Guiné Equatorial o terceiro maior exportador da África sub-saariana, atrás da Nigéria e de Angola.
A República da Guiné Equatorial como a conhecemos obteve a independência a 12 de Outubro de 1968. Nas primeiras – e únicas – eleições livres no país, a população elegeu Francisco Macias Nguema presidente. Fez mal: o novo governante instaurou um regime ditatorial que se celebrizou pelas execuções de opositores. Muitas delas públicas. No Natal de 1975, por exemplo, cerca de 150   adversários foram executados no estádio de Malabo por soldados vestidos de Pai Natal. 
Os poderes que dizia ter e que proviriam de um crânio mágico não foram suficientes para o salvar: a 3 de Agosto de 1979 foi deposto por um golpe de Estado liderado pelo seu sobrinho, Teodoro Obiang Nguema, que era então responsável pela prisão de Praia Negra. Francisco Nguema foi julgado numa sala de cinema onde foi colocado numa jaula suspensa no tecto para “evitar usar os seus poderes”. Condenado à morte, foi executado nesse mesmo dia. Teodoro Obiang ficou com o crânio mágico.
A situação política do país não melhorou nos anos seguintes. Pelo contrário. Teodoro Obiang continuou a reprimir a oposição, passou a governar por decreto, foi acusado pelos adversários de canibalismo, instalou um regime de partido único onde a liberdade de imprensa não existe: além da televisão e rádio públicas, os únicos operadores privados pertencem ao seu filho mais velho “Teodorin”Nguema Obiang.
O país começou a suscitar o interesse internacional na década de 1990 com a descoberta de grandes reservas de petróleo e gás natural. As grandes companhias instalaram-se rapidamente na Guiné Equatorial. (...) (in o Informador)

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