O
Governo acha que o IVA estava baixo. E, ao que parece, a TSU também. Assim
sendo, decidiu aumentar ambos. Portanto, a ideia de negar o aumento de impostos
caiu por terra. Nada do que o primeiro-ministro afirma, desde há três anos,
corresponde à verdade.
A
justificação é feita com base na melíflua ideia de que a receita vai por
inteiro para a segurança social, para as pensões e reformas. Ora, ora! O que na
verdade acontece é que essas pensões e reformas passaram do corte provisório a
confisco definitivo. E se a tudo isto somarmos um novo imposto, chamado
"Contribuição de Sustentabilidade", que substitui a CES (Contribuição
Extraordinária de Solidariedade) que nos prometeram abolir, conclui-se que o
fim do "estado de emergência", anunciado por Passos Coelho, também
veio para ficar.
Compreendo
melhor as preocupações, de 25 de Abril, do senhor Presidente da República com
os funcionários públicos, salários e pensões. Foram apenas para aquele dia.
Hoje, o governo que estimulou, apoia e elogia fez exatamente o contrário.
As
promessas do Governo, em véspera de eleições, são imensas. Vai descer o IRS, a
luz, o gás e tudo o mais que apreça pelo caminho. Não será este ano. Fica tudo
para 2015. Só a expetativa é para agora. Os avanços são como os recuos.
O
exemplo mais recente é o da portaria para a "reforma hospitalar",
feita às escondidas de todos, quer no espaço da saúde, quer no espaço da
Assembleia da República. Agora, esta intenção, esta portaria, até parece um
"remake" ao estilo da reforma Relvas. E, perante a adversidade, a
reação é a mesma: afinal é apenas uma proposta, não importa, não ficará assim,
vamos ouvir toda a gente. No entanto, a matriz está feita e a solução foi
traçada com régua e esquadro. Nada para reformar, tudo para cortar.
O
que me preocupa cada vez mais é a sustentabilidade das famílias, dos
pensionistas, dos reformados e dos que ainda estão no ativo. O constrangimento
salarial ultrapassou os limites da decência e pessoas honradas que assumiram
responsavelmente compromissos veem-se agora a engrossar, ao ritmo de 100 por
dia, a lista de incumpridores.
Tão
grave ou mais grave do que as promessas incumpridas, são os enganos
sistemáticos e deliberados. É desejável que não nos enganemos a votar no
próximo dia 25 de maio, nem tão pouco fiquemos em casa. As próximas eleições
europeias são um momento único para reprovar o Governo.
DV 2014-04-30
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