Os concelhos vizinhos têm sido notícia pela criação de
postos de trabalho. Estes surgem da expansão de empresas e criação de
indústrias. Só durante o mês de março as decisões assumidas pelo tecido
económico e as autarquias em que se integra estão na origem de 700 novos
empregos.
Crescimento e emprego tornam-se realidade e fonte de
esperança para quem procura e quer trabalhar. Empresários e autarcas, juntos,
proporcionam uma nova esperança às suas populações.
Tenho muita pena de que idênticas situações não ocorram em
Viseu, apenas porque o poder dominante, antes e agora, sempre conviveu mal com
a fixação da indústria e permitiu que o preço dos terrenos fosse matéria para
gerar vantagens mercantis para alguns em vez de oportunidades para todos.
Venderam-se espaços a 75€ o m2 e sabemos bem que o
caminho que a autarquia encontrou, por exemplo, para esse ato falhado da Gestin
Viseu, se resume a lotes que poderá alienar a 25€ o m2. Claro que a Aquinos, em
Nelas, encontrou o m2 a cinquenta cêntimos. Muito simples, trocaram-se metros
quadrados por empregos, tal como sempre propus para nós.
Do norte ao sul do distrito os constrangimentos dos
investidores são partilhados: burocracia, erradicação dos incentivos à fixação
no interior, ausência de políticas que atenuem o custo dos fatores de produção,
nomeadamente acessibilidades e preço da energia (IVA a 23% no gás
eletricidade). Acresce a este estado de coisas uma outra realidade inaceitável:
a imprevisibilidade fiscal do governo. Assim tudo é mais difícil.
Acabámos de saber que 2013 encerrou com um défice de
4,9%, bem menos do que os 5,5% renegociados com a Troika. Aconteceram,
portanto, excessos nos cortes dos rendimentos. Nada veio do crescimento, porque
terminámos o ano em recessão.
Há, no entanto, segundo o governo, uma "folga"
para 2015 de mil milhões de euros. A pergunta que se coloca é se, neste
contexto, o governo vai também dar uma "folga" às pessoas ou se, pelo
contrário, vai aumentar a austeridade.
A resposta é simples, mas dramática: o governo vai aumentar
a austeridade. Mias 1700 milhões de euros previstos para 2015, certamente a
aplicar aos mesmos do costume. E sabemos que dos cortes previstos não existirá
explicitação dos mesmos, nem aplicação, agora, antes das eleições europeias.
Uma desonestidade política inaceitável.
Necessitamos, como sempre defendi, de um novo paradigma
para a nossa economia. Apresentei propostas, desde a desburocratização,
passando pela reforma fiscal e qualificação dos recursos humanos, até ao apoio
temporário direto no custo de cada novo posto de trabalho. Pelo que vemos ao
lado, aos nossos vizinhos, o futuro é possível e o nosso só depende da
capacidade de mudança.
DV 2014.04.04
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