domingo, 19 de janeiro de 2014

A coadoção no caráter de Passos Coelho

 Passos Coelho sabe que a disciplina de voto num grupo parlamentar só é possível se o líder do respetivo partido, que não o líder parlamentar, disser que deve ser assim. E quando essa imposição existe a liberdade de voto acaba. É errado, mas é dos "livros" que o comportamento parlamentar "escreveu" ao longo dos anos.
Foi assim no PSD. E a liberdade de consciência passou a ser obediência. O que mais lamento é que Passos Coelho, sabendo que toda agente sabe que assim é, tenha falado em vez de, ao menos, ter ficado calado. 
A inteligência, diz o povo, quando foi distribuída estávamos cá todos. Vir dizer, nas televisões, que esta artimanha resulta da liberdade individual é uma falta de respeito pela inteligência de todos quantos o ouviram, incluindo os do seu partido.
Nem me quero referir ao estardalhaço de Marques Mendes, às declarações de voto dos deputados do PSD, à demissão de Teresa Leal Coelho ou mesmo à declaração de Teresa Caeiro, do CDS, que deixa Portas abalado, depois do dito ter abalado o PSD com a marreta da abstenção. É que Portas, para o efeito, fez o mesmo, exigiu disciplina de voto, mas ficou calado, em silêncio. Fino!
Apenas lembro que estava a decorrer um processo legislativo normal que nunca deveria ter sido interrompido. A coadoção no caráter de Passos Coelho trespassou-lhe a dignidade  política que, apesar de tudo, é exigida a um líder partidário e, neste caso, primeiro-ministro. 
Não teve sorte nesta desdita. E se o TC concluir pela inconstitucionalidade ou se o PR, em qualquer caso, não convocar o referendo, então Passos sairá mais humilhado do que nunca.

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