terça-feira, 3 de setembro de 2013

Polémica - Ricardo Costa - "O perigoso poder das concelhias" (Expresso)

"Um dos dados mais relevantes destas autárquicas é a explosão de candidaturas independentes. Muitas delas nasceram de movimentos populares ou de desencanto com os partidos, mas há uma grande parte que brotou de uma óbvia dissidência partidária. Essa dissidência quase nunca teve a ver razões políticas profundas, visões diferentes para o concelho ou conceitos divergentes do desenvolvimento local. Nada disso. A dissidência teve quase sempre a ver com o inusitado poder que o PSD e o PS deram à suas concelhias para escolher os candidatos.
A ideia e entregar às bases a escolha dos candidatos parece boa, mas apenas a quem não conhece os partidos. Os defensores desta ideia esquecem que as concelhias têm exactamente os mesmos vícios das direcções nacionais, com a agravante de funcionarem e de exercerem o poder em zonas restritas, onde as inimizades, as zangas ou os simples acertos de contas têm tendência a ter menos filtros e a revelarem-se de imediato.
Foi exactamente isso que aconteceu. Desde 2003, quando teve um retumbante vitória nas eleições locais, que o PSD se assumiu como partidos autárquico. Na última década o poder doas autarcas e das concelhias cresceu desmesuradamente, apoiado na perigosa ideia das eleições directas para escolher os líderes partidários. Todos os concorrentes a líderes do PSD tiveram isso bem presente, e Passos Coelho mais do que todos. O problema é que o PS passou pelo mesmo processo de mimetismo e António José Seguro sabe que o seu poder é, acima de tudo, o poder das concelhias.

Quando chegou a hora de escolher candidatos, Passos e Seguro não tiveram grande escolha. Deram o poder a quem os elegeu, as concelhias. E agora vão perceber o desastre em que se meteram."   Ricardo Costa

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