"Um dos dados mais relevantes destas
autárquicas é a explosão de candidaturas independentes. Muitas delas nasceram
de movimentos populares ou de desencanto com os partidos, mas há uma grande
parte que brotou de uma óbvia dissidência partidária. Essa dissidência quase
nunca teve a ver razões políticas profundas, visões diferentes para o concelho
ou conceitos divergentes do desenvolvimento local. Nada disso. A dissidência
teve quase sempre a ver com o inusitado poder que o PSD e o PS deram à suas
concelhias para escolher os candidatos.
A ideia e entregar às bases a escolha dos
candidatos parece boa, mas apenas a quem não conhece os partidos. Os defensores
desta ideia esquecem que as concelhias têm exactamente os mesmos vícios das
direcções nacionais, com a agravante de funcionarem e de exercerem o poder em
zonas restritas, onde as inimizades, as zangas ou os simples acertos de contas
têm tendência a ter menos filtros e a revelarem-se de imediato.
Foi exactamente isso que aconteceu. Desde
2003, quando teve um retumbante vitória nas eleições locais, que o PSD se
assumiu como partidos autárquico. Na última década o poder doas autarcas e das
concelhias cresceu desmesuradamente, apoiado na perigosa ideia das eleições
directas para escolher os líderes partidários. Todos os concorrentes a líderes
do PSD tiveram isso bem presente, e Passos Coelho mais do que todos. O problema
é que o PS passou pelo mesmo processo de mimetismo e António José Seguro sabe
que o seu poder é, acima de tudo, o poder das concelhias.
Quando chegou a hora de escolher
candidatos, Passos e Seguro não tiveram grande escolha. Deram o poder a quem os
elegeu, as concelhias. E agora vão perceber o desastre em que se meteram." Ricardo Costa
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