quarta-feira, 17 de julho de 2013

Augusto Santos Silva - Reuniões PSD, PS e CDS - um nó difícil de desatar


À medida que se vão desenrolando os encontros, vai crescendo a expectativa num desenlace positivo. Acredita que vivemos uma situação de emergência nacional, que implica que se trabalhe no sentido de haver um compromisso nacional. Se houver acordo, será positivo, reforçando a posição portuguesa perante a troika.

O PR arrastou a crise política e com isso penalizou a posição portuguesa; enterrou o actual governo mas marcando o funeral só para daqui a um ano; assumiu uma responsabilidade pela primeira vez desde há muito; e teve uma intervenção, so sentido de reforçar a situação política portuguesa, que seria positiva se tivesse acontecido mais cedo.
O PR propôs 3 pilares: dizer aos partidos que se entendam sobre a marcação das eleições antecipadas, sobre uma posição comum face ao que falta do programa e sobre o segundo programa de apoio a Portugal. Julga que o PS não terá nenhuma dificuldade no primeiro, esta estará do lado do governo e de Passos Coelho. O que o PS não pode aceitar é um acordo que significasse o seu voto favorável ao corte de 4,7 mil milhões, e devia tê-lo dito logo de forma muito clara na reacção às palavras do PR, dizendo também que o entendimento seria no sentido de mudar a política; também não pode aceitar o programa de requalificação da FP, discordância que já exprimiu na votação.
Onde o acordo é possível, é no reforço da posição portuguesa na negociação que vai ter com a troika. Os portugueses esperam que haja um acordo entre os partidos do arco da governação.O PS fez bem em dizer que ia a jogo, como fizeram o PSD e o CDS, o BE e o PCP fizeram mal em dizer que não iam (o BE tentou emendar hoje a mão, no pedido de encontro com o PS).
Haver um "suicídio político" do PS [em referência às palavras de João Galamba] depende dos termos do acordo. O PS não pode aceitar o corte de 4,7 mil milhões (e Portas também não); se isso acontecesse, no dia seguinte grande parte do PS estaria a pedir um Congresso extraordinário. O PS ter um acordo nos termos de reforçar a posição negocial portuguesa e ter eleições antecipadas para o ano, não diria que fosse uma derrota do PSSe não houver acordo, o PR perderá e os 3 partidos poderão perder, dependendo das razões para não o terem alcançado.
A moção de censura é apresentada para embaraçar o PS, e o PS corre um risco que não precisava de correr (a direcção do PS deve sentir desconforto quando vê na televisão que o PS vai votar favoravelmente a moção ao mesmo tempo que conversa com o PSD e o CDS). O PEV é uma fraude política, que nunca foi a votos, que não tem identidade própria e cuja existência se destina a aumentar os tempos de intervenção ao serviço do PCP. 
O PS pederia ter uma linha de conduta de dizer que uma iniciativa do PEV não tinha qualquer credibilidade. Talvez por querer estar de bem com muitos, o PS aceitou correr um risco que não precisava.

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