quarta-feira, 24 de julho de 2013

Artur Santos Silva - Remodelação do governo


O governo sai reforçado na densidade política e no efeito surpresa (Rui Machete), havendo mais "cabelos brancos". Corrige o erro genético profundíssimo dos mega-ministérios e algumas pastas (como o Ambiente) passam a ter ministros pela primeira vez. Passa a ter um excesso de coordenação política (Portas, Poiares Maduro e Marques Guedes).
O CDS consegue o que sempre quis, despedir Álvaro Santos Pereira e reservar para si a pasta da Economia, mas recebe uma Economia bastante diminuída (sem o sector da Energia, sem o Emprego e com o Desenvolvimento Regional a permanecer num ministério autónomo).
Os 2 elementos mais interessantes são haver um "lázaro que renasce" (Passos Coelho e um governo que estava morto) por sua própria iniciativa e uma fractura claríssima entre a parte do governo liderada pelo PM (com Maria Luís Albuquerque, que jurou lealdade à política de Vítor Gaspar) e a parte do governo comandada por Portas (com Pires de Lima, autor de uma moção ao congresso do CDS, cujo texto em muito pouco difere do texto apresentado por AJS).
O problema principal que desencadeou esta crise está por resolver: ser preciso cortar 4,7 mil milhões. O que a remodelação conseguiu foi transferir também para o CDS o ónus dos resultados da governação, ganhando pouco ou nada.
Teremos não um, mas dois governos coexistentes entre si. E temos uma MF enfraquecida política e pessoalmente (a cada dia que passa na comissão de inquérito aos swap) e que terá que se haver nos CM com gente com o peso político de Pires de Lima.
Só pode ter uma palavra de apreço pela dignidade que Álvaro Santos Pereira demonstrou nestas 3 semanas em que todos sabiam que estava demitido, um dos poucos sinais de respeito institucional que recebemos. Quando começar a falar vai ser muito interessante.

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